A Sábia Coruja, o Peregrino, o Céu e o Inferno

Contam que na cidade de Delfim Moreira, no alto da Serra da Mantiqueira, existia um Peregrino que anualmente ia a Aparecida do Norte, e que tinha o sincero desejo de descobrir qual era a real diferença entre o céu e o inferno. Depois de muito peregrinar e procurar pela resposta, ouviu de um simples lavrador que na floresta havia uma Sábia Coruja que certamente saberia responder ao seu questionamento.

O homem adentrou a floresta repleta de araucárias à procura da Sábia Coruja, até finalmente localizá-la num final de tarde pousada num dos galhos de um majestoso ipê amarelo da serra.

— Bom dia Sábia Coruja, prazer em conhecê-la.

— O prazer é todo meu, que bons ventos o trazem até aqui.

— Sou um Peregrino que busco incessantemente descobrir a qual diferença entre o céu e o inferno.

— O inferno é um grande campo com solo degradado e nenhuma vegetação; chega neste local um dia um certo homem de braços cruzados e passa a viver ali, mas as condições de vida são degradantes, não existe uma sombra, não existe uma árvore, não existe uma fonte de água... O homem mantém o seus braços cruzados e não faz absolutamente nada, repetindo este processo de inércia diariamente até perceber a miséria e a morte grassarem definitivamente por aquele campo. Grande foi o sentimento de amargura daquele homem, que passa então a maldizer aquele desgraçado inferno totalmente esquecido por Deus por toda a eternidade.

— E como seria o céu Sábia Coruja? — questionou o Peregrino.

— O céu é um grande campo com solo degradado e nenhuma vegetação; chega neste local um dia um certo homem de braços cruzados e passa a viver ali, mas as condições de vida são degradantes, não existe uma sombra, não existe uma árvore, não existe uma fonte de água... O homem descruza os seus braços e passa a plantar muitas árvores ali, repetindo o processo diariamente até criar um vasto oásis de abundância e vida. Grande foi o sentimento de gratidão daquele homem, que passa então a bendizer aquele céu agraciado por Deus por toda a eternidade.

Volta Redonda, 21 de Novembro de 2022.

Agricultor Urbano
Enviado por Agricultor Urbano em 21/11/2022
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