Os Dramas da Felicidade
Leôncia vinha caminhando aos trancos e barrancos, trocando as pernas devido os dramas da felicidade. Uma sacola de compras de um lado do carrinho; no meio, um leãozinho pesando mais de 5 quilos. No outro lado do carrinho, mais uns badulaques que recebera de doações da vizinhança do bairro. As bugigangas batiam-se, desequilibrando-a.
Parou para tomar água e contar uma pequena estorinha para o filhote, Juvêncio. Esticando um pouco mais o descanso das pernas, aproveitou para verificar na folhinha a última ida ao posto de saúde veterinário. Seria a última revisão médica antes do parto de Martinica.
Segundo as imagens de ressonância, viria ao mundo pesando 3 quilos e 100 gramas. 45cm e 6 milímetros de tamanho; uma trinca entre as pernas e um sorriso descorado nos lábios.
Sem um leão rusguento, feroz, brioso e defensor da prole que a defendesse com unhas, trabalho e dentes, Leôncia imaginava-a sendo mais uma boa caçadora e fértil reprodutora para ajudar encher o zoológico.
Pelas feições de focinho e detalhes físicos de corpo de Leôncia, quando adulta, assim que aparecessem as espinhas no focinho e as penugens adornassem as partes íntimas, fatalmente arrumaria um macho dominante. Leões costumam perambular em matas fechadas,
densas de alto dossel. Por aquelas bandas, a Natureza é generosa com a bicharada e o que não falta é esconderijo propício para o entocamento de animais ferozes.
- Deus dá e com a assistência do Mestre Maior, os governantes terrenos criam! Que venha com saúde e faça sua parte embrionária Martinica!
Uma vez que não foi ouvida pelo vento, soliloquiou. Prosseguiu caminhada empurrando os dramas da felicidade. O visitado zoológico, ou cativeiro, a qual pertence, não ficava muitas léguas de onde estava. Bastava caminhar, que chegaria ao destino.