Padre Nuestro

No reino "Tudo Pode" havia uma infestacao de ratos saidos das entranhas das pulverulencias. Criado nos moldes das impurezas, jamais traira os costumes e habitos de seu povo.

A primeira palavra que abolira dos dicionarios, e trabalho; porem todos, incluindo o rato mor, sabem que sem comida, a morte os espreitaria com olhos de aguia.

Inventivo, Rato mor aprendeu, ou melhor, descobriu que quem tem, da para quem nao tem; e sabiamente, as furtivas, isolava-se nas despensas alheias.

Amigo dos amigos, ou seja, dos familiares, arrastava o queijo com os dentes; e todos, incluindo filhos, noras, genros, netos e bisnetos, comiam com gosto e prazer, sem no entanto, saber a a procedencia da nobre iguaria. Barriga vazia ronca, mas quando cheia, o que menos importa e saber quais maos a encheu. Porem, quando algum questionador indagava de onde viera aquela saborosa iguaria, ouvia como resposta que o trabalho enobrece e alimenta a familia; obviamente, a familia daquela especie. E todos confraternizavam um tum, tum com os pedacos de queijo. Boas respostas dadas as licoes domesticas mereciam um brinde.

Ao cair a tarde, na hora do angelus, dobravam os joelhos sobre os bagos de milho, e agradecia aos ceus por mais um dia; porque naquela noite, alguem teria que trabalhar para a sobrevivencia de todos da familia, nos dias seguintes.

Novamente, acabara a comida; e todos sabiam, ate os recem nascidos que estavam na incubadora, que rato de barriga vazia, tem serios transtornos psicologicos e debilitada co-ordenacao motora. Se por acaso faltasse queijo na mesa por um dia, sequer, tombavam tropegos e cambaleantes no dia seguinte.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 05/05/2018
Reeditado em 05/05/2018
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