O Escarro da Falsidade

Ó, lodaçal de bocas pútridas e tortas,

Escarrais ao chão o fel que no peito habita,

Serpentes torpes, línguas vilipendiosas,

Que nas sombras se ocultam, de lama infinita.

No mais profundo das almas, o verme medra,

Cresce no ventre da palavra falida,

Pois quem do beijo macula a doce entrega,

Traz no olhar a traição já concebida.

Ingratidão, ó rastro vil e mortífero,

Qual peste negra que o ar envenena,

Crava no peito do justo seu gume insólito,

Cicatrizando em dor a verdade plena.

Vós, que cuspistes nos altares sagrados,

Onde outrora jurastes lealdade e fé,

Agora sois apenas espectros errantes,

Pálidos ecos da verdade que já não é.

Escarrais sobre a amizade morta e fria,

Destruístes o que o amor ergueu em marfim,

Eis o preço pago em vossa vilania:

Serdes pó, deglutido pelo tempo sem fim.

Ó, ingratos, que na podridão vos banhais,

Que dos manjares da bondade vos fartais,

O fim vos espera, o cálice da vergonha,

E os vermes ceiam sobre o corpo que negais.

Cleyton Berkaial
Enviado por Cleyton Berkaial em 24/09/2024
Reeditado em 25/09/2024
Código do texto: T8158557
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