DA SENZALA...À PRISÃO
Há momentos em que sentimos tristeza, como se algo estivesse errado no mundo, não sabemos o porquê; de onde vem ou a razão de, naquele momento, esse sentimento está em nós. Crédulos, que compraram a ideia de felicidade, vendida em farmácias ou lojas ou em pessoas, correm atrás de um alívio. Guerreiros não: Se sentam e calmamente prestam atenção nas lições que os dias nublados trazem, esses são os eternos marinheiro, que viajam por terras distantes, e sempre voltam com riquezas e muita coragem.
Sou desse tipo de pessoa. Meus ancestrais gritavam. Justiça!.
Cruz e Souza gritava, Justiça!
E eu, grito: Justiça, Social!.
A última grade se fechou atrás dele
Rostos curiosos e raivosos o espreitava.
Tráfico de drogas, cinco anos, ele só tem 18.
De dentro da senzala escura e lamacenta
Aonde o infeliz
De lágrimas em fel, de ódio se alimenta
Tornando meretriz
Havia alguns banhos de sol, cela cheia, mal cheiro,
Maus modos, rancor, violências, dor.
A alma que ele tinha, ovante, imaculada
Alegre e sem rancor,
Porém que foi aos poucos sendo transformada
Aos vivos do estertor…
A rotina era cruel, preso duas vezes,
Pelo estado, e pelo outro estado, dentro da prisão;
Não que ele fosse santo, mas aquilo era por demais, inferno.
Sua alma queimou, o estigma e o preconceito levaram seus sonhos de evolução.
De dentro da senzala
Aonde o crime é rei, e a dor — crânios abala
Em ímpeto ferino;
Não pode sair, não,
Um homem de trabalho, um senso, uma razão...
e sim um assassino!
Os tempos mudaram, algumas coisas não,
Restaram lembranças da senzala nas prisões.
Presos, maioria com a mesma cor,
Nos crimes, as mesmas condenações.
O poema, Da Senzala, de Cruz e Sousa, são os parágrafos 4, 6 e 8