VERBO DELINEADO
Nas entrelinhas dos versos
Desprendo-me do cansaço
Intercalando o concreto
Com magnetismo abstrato,
E espero assim o fetiche
Das luzes dos grandes astros.
Num porvir longe das dores
Tenho a pele tatuada
De transcendente retiro
Com a alma apaziguada.
Distraindo nas escritas
As lágrimas sufocadas.
No verbo delineado
Escorre mui magnética,
Latente, assim, visceral
A perfeição da estética
Na letra silenciada
Na aprimoração da ética.
Pela janela entreaberta
Vejo o sol brincar nas sombras!
Também distraio o pensar
Divisando nas penumbras
O meu estro iluminar
Tudo o que a visão assombra.
A minha letra, por vezes
Causa até mesmo estranheza
Escorre vã, desnorteada...
Mas profunda é a sutileza
Com resquícios de utopias
Permeando a realeza.
Mergulhado no silêncio
Do real e imaginário
Vou tecendo o pensamento
Absorvendo adagiários,
Na ânsia mais incontida
Do lirismo em corolário.
(Contribuo com esse poema, a mais
um experimental "Luxsons", criado
pela poetisa Maria de Jesus Carvalho,
cujas instruções estão em sua página).