IDAS SEM VOLTAS

Foram-se tantos, foram-se muitos, tragados pela fumaça que exalavam pra bulir com o cérebro, outros afogados em taças que lhes consumia o vício do liquido de passageira e falsa satisfação, alguns outros, pelo cheiro das misturas que lhes eram oferecidas preenchendo seus narizes em baladas noturnas e diurnas para afugentar seus medos em seus temores.

Quantas saudades abalam esse peito meu, ao lembrar daqueles outros tantos que se foram interrompendo o trilhar da sua vida, encurtando o seu viver por abuso de manias gestos e costumes tão destrutivos.

Todavia, outros se foram pelo prazer da velocidade que incita os neurônios a pratica-la numa competição sem motivos competitivos.

Houveram aqueles que pela cor da pele tombaram em becos e matagais em noites de breu, sem chance de despedidas, do ultimo abraço, do último verso, pois desrespeitaram o seu potencial poético do uso das tão benditas e lapidadas palavras, que somente um poeta sabe pronuncia-las para a cura dos seus pesares e das suas mais loucas ilusões.

Ó mundo injusto cercado das tuas eternas injustiças, engolidor de vidas, acolhedor de corpos ao chão frio da terra mãe, até quando prantearemos de faltas e saudades por distanciarmos daqueles que por aqui queríamos tê-los tão próximos, mesmo com os seus vícios, mesmo com suas repetidas declamações, mesmo com aquele sorriso que as vezes nos causavam mal estar?

Éramos todos cirandados num circulo de amizades cujos elos foram se quebrando, se partindo até olharmo-nos para nós mesmos e contemplarmos tristemente que: Os elos, os elos estão se desmanchando, mas ainda restam alguns de nós inteiros, ao menos para confortarmos em dizer: “SIM, EU JÁ FIZ PARTE DESSA GRANDE CORRENTE, E JÁ QUE EU SOU A SOBRA DESTA, QUE EU SIGA AINDA INSISTINDO, PERSISTINDO PARA CRIAR NOVOS ELOS PARA QUE VALHA A PENA SENTIR-ME INSERIDO NESSE CONTEXTO AINDA RESPIRÁVEL CHAMADO VIDA, MESMO QUE A SAUDADE BULA COM MINHA CABEÇA E ELEVE OS MEUS PENSAMENTOS EM LEMBRANÇAS QUE MACHUCAM OS MEUS NEORÔNIOS ENVOLTOS EM TANTO SENTIR.”

Quando eu também partir, rompendo o ultimo elo de ligação, outros talvez concluam o lembrançar como agora o faço , sentindo a minha falta como sinto a de outros tantos que o destino, a vida e o prosseguir, um dia uniram-me a tantos pensantes de almas leves e de coração puro ao dom do servir através desta arte que não exclui, mas por vezes separam corpos almas versos e vidas, para que outros venham ocupar o lugar destes.

Que os meus passos e os meus versos, ainda circulem por muito tempo por aqui, para que seja eu, o condutor dos versos daqueles que não mais pronunciarão os seus dizeres.

Foram-se tantos, foram-se muitos, mas eu ainda estou aqui.

Carlos Silva

Caldas de Cipó BA 12 de fevereiro de 2023

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 12/02/2023
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