DE PAI PRA FILHO

DE PAI PRA FILHO – COISA DE IMPROVISO

Os brasileiros, especialmente os Nordestinos, esperaram ansiosos pelo filme de Luiz Gonzaga, anunciado há algum tempo. Havia a esperança do reconhecimento da grandeza do Rei do Baião, um tributo merecido àquele que foi o maior naquilo que se propôs fazer, além de promover uma maior divulgação do seu trabalho, que uma pequena parte do Brasil sempre resistiu em reconhecer. Lamentavelmente, os produtores do filme não conheciam Luiz Gonzaga e sua obra, ou queriam mesmo fazer a conotação que fizeram. Não mostrou talento do Rei; não mostrou a sua importância política (mesmo sem ocupar cargos políticos); não mostrou a grandeza cultural da sua arte; não mostrou o trabalho social que fez, com sua arte e sua influência, na Região onde nasceu e formou-se como músico, sanfoneiro, poeta e cantador e a reverência do povo em relação ao seu trabalho; não mostrou a sua preocupação com a continuidade da sua arte, ensinando e relevando novos talentos, não mostrou as dificuldades que enfrentou com a política do seu tempo, para, com sua arte, gritar pelo seu povo; não mostrou seu extraordinário talento para retratar, com a maior riqueza, por meio da sua arte, as coisas e a cultura do Sertão; não mostrou a exploração que sofreu, enriquecendo muita gente e morrendo pobre. Por fim, Eu acompanhei muito da vida de Gonzagão, o conheci pessoalmente, andei por algumas veredas por onde andou Luiz Gonzaga, especialmente a sua Região, colhi muitas informações sobre a sua vida e sua história, desde o local de seu nascimento, onde já estive por algumas vezes, entrevistando pessoas do seu tempo. Por esse motivo, entendo que o filme deixou a desejar e muito, pois se prendeu apenas numa relação entre Luis e seu filho Gonzaguinha, de uma forma melancólica, exageradamente dramática e com roteiro pobre de informação. Espero que um dia apareça um cineasta que conheça a obra de Luiz Gonzaga, se aprofunde na sua história e produza um filme que realmente mostre a grandeza desse brasileiro.

Professor José Ribeiro de Oliveira
Enviado por Professor José Ribeiro de Oliveira em 08/01/2013
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