Bate-papo com Roberto Menescal no Japão
Antes de cair nessa babilônia disfarçada em luminosos, néons, máquinas em cada esquina e telões gigantescos com milhares de impactos por segundo, havia passado um tempo no Rio de Janeiro e em São Paulo, atrás de uma órbita bossa-novista que sempre foi um dos meus vícios. E até que encontrei muitas coisas, principalmente na rua Nascimento Silva, em Ipanema, e em alguns becos da capital paulista, onde tive a oportunidade de assistir João Donato, Paulo Moura e Johnny Alf. Mas confesso que foi justamente na terra do sol nascente (onde eu menos esperava), que consegui um contato mais próximo com personagens que eu era acostumado a ver (e ouvir) somente em discos e livros. Através de um folheto, fiquei sabendo que Joyce (talvez a única musicista a ter vivido entre os mundos surreais do Clube da Esquina, da Bossa Nova e da Tropicália), Tutty Moreno (lendário baterista de Caetano Veloso e Gilberto Gil nos tempos de exílio em Londres) e Roberto Menescal, um dos pilares da Bossa Nova, estariam juntos, fazendo apenas um show em Nagoya, no dia 06 de setembro.
Uma noite antes, assim como um músico que ama o improviso, preparei algumas perguntas de anotações que havia feito anos antes, e saí de casa com o objetivo de só voltar depois de conseguir uma entrevista com Roberto Menescal. Muitos colegas de profissão, jornalistas brasileiros que moram no Japão, viviam me dizendo que era muito difícil de se conseguir uma entrevista sem ter marcado antes, mas, na verdade, eu nunca dei muita bola pra isso. Pois gosto mesmo é das coisas impossíveis, improváveis, e quando alguém me diz que é impossível, é aí que eu gosto ainda mais.
Cheguei ao local do show de baixo de muita chuva, eram cinco e meia da tarde. Na porta, estava tudo vazio, e achei que não havia ninguém. Ainda mais porque o show estava marcado para às seis e meia (coisas de japonês). Se fosse no Brasil, talvez aí sim estaria deserto. Mas quando entrei no local, quase todas as mesas estavam ocupadas. Logo na porta de entrada, encontrei um colega jornalista, Edson Xavier (que mora há quinze anos no Japão), e tinha acabado de fazer seu registro. Fomos levados por uma funcionária até o lugar reservado para imprensa. E exatamente às seis e meia, sem atrasos, vejo Tutty Moreno tomar posição na bateria, logo atrás: Joyce, toda de preto, seu rosto parecia o mesmo de vinte anos antes.
Algumas coisas que acontecem no Japão, são tão acessíveis que até parecem mentira. O show começou com eles fuzilando de “Banda Maluca”. A voz de Joyce é como uma ponta de espada, uma hipnose, e quando se percebe, ela já te dominou por inteiro. Tutty Moreno nem se fala, pois só a história do cara já vale qualquer ingresso, e na bateria então é uma metralhadora: um clássico. Quando se ouviram os primeiros acordes de “Samba de uma nota só”, Joyce anuncia a entrada de Menescal, chamado por ela de sensei (professor em japonês) da Bossa Nova. Em seguida, o que se viu (e ouviu) foi transcedentalismo puro, coisa que só a música brasileira é capaz de fazer. A sequência foi: “ Berimbau”, “Surfboard”, “O Barquinho”, “Devagar com a louça” (clássico dos Cariocas), “Bye Bye Brazil”, “Brasil precisa balançar”, “Telefone” e, como não podia faltar: “Feminina”.
Assim que terminou o show, com o público japonês ainda babando, a assessora de imprensa da casa (uma lição para os relações públicas que mais dificultam do que facilitam), veio conversar com a gente. E depois de uma conversa inicial, ela disse que podia nos levar até o camarim para uma conversa rápida com os músicos. Xavier e eu logo nos empolgamos com a possibilidade, e ficamos alertas diante de qualquer chamado. Após um período de desconfiança, ela reapareceu, e nos indicou o caminho do camarim. Numa mesma mesa, estavam Menescal, Joyce e Tutty, cartel de arrepiar qualquer jornalista mais tarimbado.
E como se fosse um velho amigo, abordei Tutty como um camarada das antigas:
__Faaaala Tutty, seu maluco!!!! - como é que tá rapáiz?
Pela sua reação pude imaginar seu pensamento:
__ “Mas quem é essa figura, cada um que me aparece viu????”
Logo depois, dei um beijo em Joyce como se fosse outra velha amiga, e fui direto na abordagem sem perda de tempo para tentar uma entrevista com Menescal:
__ “Faaaala “rei do leite” (apelido de Menescal na década de 1950).
Ele me olhou com a mesma cara de Tutty: (Mas de onde saiu esse doido?????)
__Ô Menescal, é o seguinte rapáiz, queria te fazer umas perguntas aí sobre aquelas histórias na rua Otaviano Hudson, em Copacabana, com João Gilberto, Bôscoli, Mieli e o Dragão, tem como???
___ Bicho, é o seguinte, vou comer alguma coisa e depois posso te contar tudo o que você quiser, numa boa.
__Pô rapáiz, valeu mestre – respondi, ainda sem muita fé na entrevista. Olha só, - continuei - vou fumar um cigarrinho lá fora e quando você estiver pronto, manda me chamar, mas não se esquece de mim não hein.
__Impossível – respondeu Menescal, rindo.
Xavier e eu saímos para fumar um cigarro, e uns quinze minutos depois, a assessora de imprensa reapareceu e disse que podíamos entrar. O resto da história, vou relatar aqui na íntegra, exatamente como num ping pong, só que bem mais musical.
Danilo Nuha - Em 1956, você estava indeciso entre marinha, música e arquitetura.
Roberto Menescal - E Banco do Brasil também (risos). È que meu pai havia me pedido para fazer esse concurso. E eu já tinha passado em tudo, faltando apenas a prova de datilografia. Mas quando fui fazer o exame num domingo de manhã, e vi todo aquele pessoal de terno e gravata, na mesma hora dei a volta a fui embora. (risos).
DN – Nessa época você já fazia aula de violão com o Edinho do Trio Irakitan?
RM - Sim, eu já estava tocando, mas ainda não era um profissional. Eu tinha dezessete anos, fazia aulas com o Edinho, e já estava começando a tocar em bailes. E foi muito depressa, não que eu tivesse ficado bom rápido, mas é que entre os 17 e 18 anos, eu tive a oportunidade de conviver num ambiente bastante musical.
DN – Essa influência do Edinho, que foi o cara que te levou para sentir o cheiro das madrugadas e da vida boêmia nas noites cariocas, foi mesmo um fator decisivo nessa sua escolha pela música?
RM – Foi sim, sem dúvida. O Edinho foi o primeiro, mas eu também tive muitas outras influências na vida e na música. Sylvinha Telles, por exemplo, foi uma cantora que me ajudou bastante.
DN – Nesse tempo ela já namorava o João Gilberto?
RM – Foi mais ou menos por aí, ou talvez antes. Mas eu ainda não conhecia o João Gilberto. E um dia, a Sylvinha me viu tocando e me convidou para fazer parte de um grupo. Mas como eu ainda não estava preparado para as noites, ela me colocou para estudar com o Moacir Santos. E ao mesmo tempo em que eu estudava, também trabalhava com eles, e isso foi ótimo na minha formação. Mas a ordem das minhas influências foi: Edinho, Sylvinha, João Gilberto e Tom Jobim, que foi quem definiu minha carreira.
DN - Falando de Tom Jobim, teve uma época em que você roubava uísques na prateleira da casa do seu pai e ia vender lá frente do Hotel Plaza, só pra ver o Tom tocar, como foi isso?
RM - Na verdade, acho que quem tocava no Plaza era o Johnny Alf, e o Tom tocava num lugar chamado Bar Azul.
DN – O nome não é Tudo Azul? No posto seis, em Copacabana, que foi onde Tom encontrou Vinícius pela primeira vez em 1954, numa noite em que o João Gilberto também estava lá (dois anos antes daquele encontro clássico no Villarino, onde eles fecharam a parceria de Orfeu).
RM – Isso mesmo, Tudo Azul, é lá que eu também ia vender. O Plaza às vezes era o caminho de volta. Mas eu vendia as garrafas e nem ficava muito tempo por lá. Até porque eu era menor de idade.
DN - Teve um dia em que você estava numa festa de família na sua casa, acho que em 1957, quando de repente, no meio da festa, aparece o João Gilberto, que havia acabado de voltar de um sanatório em Salvador, e pegou seu endereço com o Edinho, aparecendo de surpresa na sua casa querendo tocar violão. A história foi essa mesmo?
RM - Esse dia, era uma festa de 25 anos de casamento dos meus pais, e era uma festa super a rigor, com todo mundo bem vestido e tal. E eu estava ali meio que na função de receber as pessoas, guardar presentes, organizar lugares, coisas assim. De repente, eu estou lá na porta e vejo um cara chegando, na mesma hora eu pensei que fosse para entregar alguma coisa, e era o João Gilberto (risos). Sem nem se apresentar, ele já foi logo perguntando: “Você tem um violão aí?” (risos). Aí eu respondi, mas pô bicho, quem é você? E ele disse: “Isso não tem problema, você tem o violão aí?”. Então eu disse: “pô cara, tá tendo uma festa aqui em casa”. E o João, daquele jeito dele respondeu: “Mas não tem um quartinho aí onde a gente possa tocar” (risos). Aí não teve jeito, subimos para o meu quarto, e ele mal começou a tocar e eu já sabia quem era ele, por causa das músicas que eu conhecia através do Edinho. Logo depois eu falei: “Você é o João Gilberto?”. E ele falou: “Como você sabe?”. Aí eu falei do Edinho e tal, então ele falou: “Pô cara, vamos sair daqui”. E aconteceu que eu só voltei para casa três dias depois (risos).
DN - E foi nesse mesmo dia que você levou João no apartamento do Ronaldo Bôscoli, onde também moravam o Mieli, o Chico Feitosa e o Luís Carlos Dragão, em Copacabana, na Rua Otaviano Hudson?
RM – Eu levei ele em todos os apartamentos (risos). Levei ele no da Nara Leão e mais em um monte de gente que eu conhecia. E o último foi do Bôscoli, porque quando a farra acabou ele virou pra mim e disse: “Pô cara, eu estou sem lugar pra dormir”, então eu falei: “Ah, então vamos para o apartamento do Bôscoli” (risos). E o João acabou bagunçando ainda mais aquilo tudo (risos). Porque ele chegava todos os dias às quatro da manhã, quando estava todo mundo dormindo, e depois reclamava porque os caras acordavam oito da manhã para ir trabalhar, e sem querer acabavam acordando João, que ainda ficava bravo (risos). Sem falar quando o João chegava às cinco da manhã e começava a tocar violão (risos). Aí os caras falavam: “Pô João , tenho que trabalhar amanhã”. Aí quando os caras levantavam para ir trabalhar, o João falava: “Pô cara, vocês estão me acordando” (risos).
DN – Dois anos depois, em agosto de 1959, teve aquela primeira festa Bossa Nova, no Grupo Universitário Hebraico, no Flamengo, foi quando pela primeira apareceu o termo Bossa Nova.
RM – Foi um dos rapazes da organização que escreveu numa faixa: “Hoje Sylvinha Telles e um grupo Bossa Nova”. E quando eu li aquilo, eu pensei que fosse a Sylvinha, a gente acompanhando, e mais um outro grupo chamado Bossa Nova. Então eu cheguei nele e perguntei: “Vem cá, esse grupo aí que também vai tocar hoje, quem è hein?” Então ele me disse: “Pô cara, me desculpa, mas eu não sabia o nome do grupo de vocês e inventei esse nome aí”. Então a gente achou o nome legal e quando saímos de lá já era Bossa Nova (risos).
DN - E logo após esse boom inicial da Bossa, em maio de 1960, aconteceu “A noite do amor, do sorriso e da flor”, na Praia Vermelha, onde tocaram João Gilberto, Tom e Vinicius (que teve a organização do Bôscoli). E nesse mesmo dia, o Carlos Lyra organizou a “Noite do Sambalanço” na PUC da Gávea. Qual foi verdadeiro motivo desse rompimento do grupo?
RM - Essa história foi o seguinte, éramos todos um só grupo, onde todo mundo só andava junto. E nós recebemos um convite para gravar na EMI (Odeon na época), para fazer um disco com todo mundo. E a gravadora marcou um dia para fazermos a foto da capa do disco, e o Carlinhos não foi. E todo mundo achou aquilo muito esquisito, porque ninguém era de faltar compromisso sem avisar antes. Aí começamos a telefonar para o Carlinhos e ele nunca estava. Então o Bôscoli, mais malandro, disse assim: “Hum, aí tem coisa”. E não deu outra, o Carlinhos tinha sido convidado para gravar um disco individual na Phillips ( que hoje é a Polygram). Então todo mundo ficou puto com Carlinhos, porque ele não falou para ninguém que tinha sido chamado para gravar sozinho, sem nós da turma. Aí houve um rompimento.
DN – Mas foi um rompimento de vocês ficarem até sem se falar?
RM – Foi, teve discussão e tudo mais. A gente achou que foi sacanagem ele sair sem ter falado nada. Porque ele podia muito bem ter contado a real e, se isso tivesse acontecido, a nossa amizade ia ter continuado a mesma.
DN – E o reencontro entre vocês só foi acontecer no show do Carnegie Hall, em 1962?
RM - Isso, foi lá mesmo. Mas aí foi tudo tranquilo, porque o motivo já era outro. E o show no Carnegie Hall foi um lance muito maior, um negócio que acabou unindo todo mundo de novo.
Nesse momento, Xavier (o colega jornalista), que acompanhava a entrevista, perguntou sobre o rompimento de Menescal com Maria Bethânia.
RM – Olha, eu já tive vários rompimentos (risos), mas a Bethânia, por exemplo, não fala comigo até hoje. Na ocasião, eu estava trabalhando na Polygram, e a Bethânia ia renovar o contrato com a gravadora. Então eu disse para ela: “Bethânia, eu acho que você não deveria renovar com a gente”. E ela falou: “Como não, vocês estão querendo renovar comigo há um ano, e agora não querem mais?”. Aí eu disse: “Bethânia, não é isso, é que eu acho que você está num estágio em que deveria lançar um disco independente, sem essa coisa de gravadora”. Então ela ficou indignada, e me disse assim: “Você acha que eu preciso fazer disco independente?”. Mas só que ela não entendeu que quem grava um disco independente é porque conseguiu sua independência das gravadoras, e não precisa mais estar atrelado às partes burocráticas de gravação, escolher repertório, coisa e tal.
DN – E o que você fazia nessa época?
RM – Eu era diretor artístico da Polygram, tinha ficado dezesseis anos sem tocar. E só fui voltar a tocar aqui no Japão, em 1985, quando a Nara (Leão) me convidou para uma temporada. E quando ela me chamou, eu nem tinha violão mais (risos), e eu também nem queria vir, porque não tinha tempo nem para minha família. Mas a Nara com aquele jeitinho dela me disse assim: “Tudo bem, não precisa ir, mas então só me ajuda a tirar os tons”. E quando eu vi, já estava aqui no Japão mandando um telex me desligando da gravadora (risos).
DN – Agora mudando um pouco de assunto, eu gostaria que você me falasse de alguns personagens com quem você conviveu. O primeiro deles é o Newton Mendonça, que é talvez a figura mais enigmática da Bossa Nova.
RM – Eu só estive com Newton uma vez, na casa do Tom.
DN – Na rua Nascimento Silva?
RM – Isso mesmo, justamente. E quando eu cheguei, o Tom me disse assim: “Entra aí, quero te apresentar um amigo”. Cheguei na sala, e era o Newton Mendonça que estava lá. Ele era uma pessoa muito tímida e muito retraída, trocamos algumas palavras mas não conversamos muito. Era um cara que não tinha badalação com ele, o lance dele era fazer música, e foi um cara que ele próprio se esquivou. Esse negócio de que ele foi injustiçado para mim não existe, foi uma escolha dele. Já o Tom não, ele era uma estrela em qualquer lugar. Não que ele quisesse ser uma estrela, mas a pessoa dele já brilhava por si só.
DN – E qual foi a última vez que você viu João Gilberto?
RM – Essa você não vai acreditar mas é verdade. A última vez que eu vi o João foi em 1962.
DN – No Carnegie Hall?
RM – Acredite se quiser, foi lá mesmo.
DN - E João Donato? Falando nisso, você fazia parte de qual clube? Sinatra-Farney ou do Dick Haymes- Lúcio Alves? Porque o Donato já era mais malandro, e frequentava os dois né?
RM – (risos) É verdade, mas o Donato é um cara que eu estou sempre com ele. Mas eu frequentava mesmo era o Dick Haymes, eu era fã do Lúcio Alves.
DN – E o Donato, mudou muito ou continua o mesmo maluco de sempre?
RM - O João sempre foi um cara diferente da média (risos). Eu o conhecia no Rio, mas logo depois ele se mudou de lá.
DN – Foi para a Califórnia não é?
RM – Isso mesmo. Então eu fui conhecer o João Donato mesmo de verdade há quinze anos atrás, quando ele voltou para o Brasil. É um cara que tem um modo de vida diferente. Eu, por exemplo, sou um cara mais do dia, ele não, é do dia, da noite e da madrugada (risos). Um dia ele me falou: “Porra, você nunca me chama para fazer um trabalho!” Então eu falei: “Donato, esse tempo que você precisa eu não tenho”(risos)
DN – E o Johnny Alf?
RM – O Alf mora em São Paulo, e é o mesmo esquema do Newton Mendonça. Um cara bem tímido, de poucas palavras, fala baixinho, bem retraído também.
DN – Agora, uma figura fora da música, você conheceu o jornalista Tarso de Castro?
RM – Conheci relativamente bem, mas, outra vez, por causa de costumes diferentes não tive muita intimidade. Ele era um cara bem “loquete”, das madrugadas, e eu nunca fui de madrugada, a não ser com 18 anos, aí todos são né (risos). Mas, falando do Tarso, me lembrei de uma coisa agora, na década de 1970, teve uma briga famosa das gravadoras com o Chico Buarque, e o Tarso meio que pensou que era eu quem estava dificultando as coisas. Mas eu era apenas um funcionário, e não era o responsável pelas contratações. Então o Tarso achava que era eu quem ficava impedindo o Chico de gravar (risos).
DN – E Baden e Vinicius, você encontrava muito com eles?
RM – Muitas vezes. O Baden era um gênio, e eu sempre tive uma relação muito boa com os dois. Mas eu não tive aquela relação de vida, de andar junto nas noites e tal. E o problema era que eu sempre trabalhei muito. Hoje, por exemplo, um cara me falou assim: “E aí Menescal você tá trabalhando aqui no Japão também?” Aí eu respondi, “trabalhando não, aqui eu estou de férias, estou me divertindo” (risos). Isso (de estar no Japão) pra mim é férias (risos).
DN – Agora, para finalizar, sei que já está na sua hora (a assessora de imprensa japonesa já foi levantando aliviada, pois como ela não estava entendendo nada, não via a hora de terminar a entrevista). Uma última pergunta, recentemente, aconteceu aquele episódio com o Wagner Tiso, que após uma reunião de artistas com Lula na casa do Gilberto Gil, disse que “em política não é preciso ter ética”. Você não é muito de opinar em política, mas qual a sua opinião sobre isso?
RM – É por isso que quando me chamam para essas reuniões eu passo longe. Política é um outro lance, e só quem está lá dentro pode entender os merdas da política. E eu acho que o Wagner e os outros que estavam lá foram infelizes. E é por isso que eu nem apareço nesse tipo de coisa.
DN – E como anda o Rio de Janeiro na sua visão?
RM – Continua lindo (risos). E eu posso falar isso porque eu não sou carioca, sou capixaba. Mas o Rio é uma das cidades mais lindas do mundo. Agora tem uma coisa, no Rio, infelizmente existem muitos lugares que você não pode usufruir. Por exemplo, se estiver uma lua linda, você vai pensar duas vezes antes de passar a noite na praia, porque as coisas já não são como eram antes. Então, o Rio é o seguinte: é uma coisa linda, mas ao mesmo tempo proibitiva.
Danilo Nuha - International Press Japan