Não quero a beleza plástica/
enfeitada com fricotes/ maquiagem/
e roupas de marca/
Não quero a chapinha no cabelo/ os lábios de batom colorido/ e o sapato salto alto/
Desprezo o comentário fútil/
o tratamento forçado/ e as pessoas que trazem um crocodilo escondido no sorriso/
Não me hipnotizo pela aparência bonitinha/ e muito menos pela ignorância bem comportada/
Quero ter a liberdade do mendigo/
a lucidez do bêbado/
a esperança do guardador de carros/
a astúcia do gari/
e a coragem do pedreiro/
Pois uma coisa nessa vida ainda me comove/
É a beleza pura da moça proletária/
Aquela que anda de ônibus lotado/
e nem liga de usar a mesma roupa na escola e no trabalho/
Mas apesar dessa escuridão/ e do tempo nublado/Sigo por aí/ quieto e distraído/
Sempre acreditando que só alcança o sonho quem enfrentou a estrada com os pés descalços num chão de perseverança/
humildade e sinceridade/