Lógico-epistemologia budista
A lógico-epistemologia budista é um campo fascinante que explora a natureza do conhecimento, da verdade e da realidade, tal como compreendida no budismo. Ao invés de se basear em dogmas ou revelações divinas, o budismo busca a compreensão da realidade através da experiência direta e da investigação racional.
Conhecida como pramana-vada e hetu-vidya, a lógico-epistemologia budista pode ser compreendida como um estudo epistemológico da natureza do conhecimento, bem como um sistema de lógica que se desenvolveu na Índia entre os séculos V e VII. O Buda histórico estava familiarizado com regras de raciocínio para debates, mas não formulou um sistema logico-epistemológico. Vasubandhu foi o primeiro pensador budista a discutir sistematicamente questões lógicas e epistêmicas, influenciado pelo Nyaya-sutra hindu. Dignaga fundou um sistema maduro de lógica e epistemologia budista, posteriormente desenvolvido por Dharmakirti, cujo trabalho se tornou a principal fonte de epistemologia no budismo tibetano. A lógica indiana difere da lógica ocidental moderna ao incluir questões epistemológicas, focando na análise crítica dos meios de cognição correta. O pramana, ou "cognição válida", é central na epistemologia budista, que reconhece apenas percepção e inferência como formas válidas de conhecimento, ao contrário de outras escolas indianas que também aceitam tradição textual. O Buda rejeitou a autoridade das escrituras e o raciocínio metafísico, enfatizando a verificação através da experiência pessoal e a utilidade prática das crenças para acabar com o sofrimento.
A lógico-epistemologia budista não é apenas uma exploração teórica, mas também uma prática que visa ajudar os praticantes a desenvolver uma compreensão mais profunda da natureza da realidade e, finalmente, alcançar a libertação (nirvana). Ela fornece as ferramentas intelectuais para investigar a verdade de uma maneira rigorosa, utilizando a razão e a lógica como apoio ao caminho espiritual.