Bom dia, boa tarde, boa noite. A saga do Poeta que Decidiu Contar Histórias hoje leva vocês até a cidade de Lençóis Paulista. Lá onde as famílias dos meus pais se instalaram na primeira metade do século passado e se criaram, lá onde eles se conheceram e boa parte da minha família segue por lá. Lençóis é conhecida pelos paulistas como Cidade do Livro, por ter a maior biblioteca do interior do estado. Dizem que a quantidade de livros em seu acervo é muito maior que a quantidade de habitantes da cidade, o que não é comum. 

 

Esta cidade também abrigou a fábrica de bolachas e chocolates Zabet, a Lwart, Belmont, empresas onde quase todo mundo lá já trabalhou… Ela tem muitas usinas de cana-de-açúcar, que produzem saborosas cachaças e deixam aquele cheiro pairando pela cidade, com a dama da noite (recordações da infância). Cidade do glorioso Clube Atlético Lençoense, que já mudou de cidade, voltou, licenciou-se e voltou de novo, mas revelou o goleiro palestrino Marcos e o meia bicampeão mundial Didi.

 

Na praça da matriz, perto da biblioteca, tem a concha acústica mais linda que eu já vi, onde era meu sonho tocar. Enviei inúmeros materiais da Corcel 69, dos Incansáveis e Victor Fernandes para a prefeitura, a fim de me apresentar por lá, mas nunca tive uma resposta, acho que nunca gostaram muito de mim. 

 

Mas como o assunto aqui é Poesia, ou o Poeta e suas Histórias, vamos ao mais importante. Foi lá que na minha juventude, meu tio Enio Romani me apresentou sua poesia e através dela conheci todo um universo de grupos, rodas de poesia, festivais e antologias poéticas onde pude vislumbrar um ótimo espaço e muitas possibilidades. E traçando um paralelo com o tempo presente, entre as redes sociais e portais como o Recanto das Letras (que abriga cuidadosamente esta página) vejo ser assim mesmo que deve ser. É admirável a criação de grupos assim, e só assim que a poesia sobrevive. Da mesma forma que, quem fala de futebol gosta de conversar com quem entende de futebol, quem fala de filmes fala com quem entende de filmes… escritor tem que falar com escritor, não tem outro jeito. Não adianta a gente correr lá pro Face, pro Instagram, pro Twitter vomitando nossas palavras que ninguém dá a mínima. Vão nem te entender, porque é como se fosse outro idioma. Esquece. 

 

Não é uma questão de fazer divisões, panelinhas, como se nosso grupo fosse algo mais especial e quem não entende é que tem problema, nada disso. É uma questão de sobrevivência, é saber que você não está sozinho brincando com as palavras e que isso não é à toa. Podemos compartilhar nossos insights, experiências e ter assim novas ideias, tornando desse modo o exercício da escrita e leitura mais prazeroso e a vida mais suportável. 

 

Deixo como auxílio luxuoso deste episódio duas imagens incríveis. Primeiro, "La cour du Dragon (1901)" do francês Victor Marec. A imagem me lembra muito dois quadros que passei longas tardes da infância encarando na sala de estar da Dona Alaide Prado Gasparotto, minha avó materna. Infelizmente, não posso exibir os quadros originais por questão de direitos autorais. Segundo, a placa de uma rua na cidade que leva o nome de meu avô paterno, José Antonio Fernandes, foto da minha prima Nazaré Ribeiro postada no Instagram do meu primo Vladimir Ribeiro, com um texto emocionante e rico em detalhes sobre a família de nossos avós. 

 

 

E esse foi mais um episódio da emocionante história do Poeta que Decidiu Contar Histórias. Espero que tenham gostado. Até a próxima.

 

Victor F
Enviado por Victor F em 22/12/2023
Reeditado em 22/12/2023
Código do texto: T7959875
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