MEU CASTELO MEDIEVAL
Eu fiz um castelo do tamanho da minha casa de palha.
Tinha fosso (que era uma barroca causada pelas chuvas) que dava acesso a ponte levadiça que fiz com umas palhas de coqueiro que caíram no quintal. As correntes para içar a ponte, eram feitas de embira que bastava puxar, ela agia com tamanha precisão dando acesso a porta da entrada principal. As torres eram dois candeeiros que peguei emprestado de vó Toinha e ficavam sempre acessos para que nem os grilos e nem os sapos que coaxavam ao lado da barroca, não errassem o caminho de casa. Ao entrar no castelo, uma ampla sala de areia com assentos que eram feitos de ossos de bichos mortos que a gente encontrava nas terras de papai. Fiz umas tochas com velas, que dava impressão de uma cena medieval. E, utilizando uns cabos de vassouras e pedaços de ripas, eu fiz as minhas lanças de ataque, para defender meu castelo de possíveis invasores, que por acaso viessem se apoderar dos meus tesouros.
Na sala de tesouro eu tinha: Bolinhas de gudes azuis que mais pareciam com um pedaço de céu em forma de vidro. Tinha também a minha coleção de tampinhas de guaranás que eu juntava para brincar de armazém. Na sala, existia uma bola de meia feita pela vó Toinha onde eu só tirava do meu baú que era feito de papelão, para brincar e depois devolvia pro mesmo lugar.
Aproveitando algumas latas que encontrei jogadas pelo quintal, eu criei uma super armadura. O elmo foi feito com tampa de uma panela sem mais utilidade para vó Toinha, a parte do peito cortei uma lata de querosene e as pernas eu utilizei uma velha calha deixada no tempo que não servia mais para aparar as chuvas que caiam. Quando caiam.
As botas eu fiz de papel alumínio, para ficar mais confortável pra hora que a guerra fosse iniciar. Vai que resolvem atacar meu castelo, como então eu iria me defender se não tivesse essa tão robusta armadura?
Fiz um tacape de esponja de um colchão que vovó Toinha não usava mais, enrolei com um saco plástico de biscoito, coloquei uma vara de bambu fina, mas resistente, pois daria conta para enfrentar o combate.
Olha lá, olha lá! eles estão vindo, estão vindo, e é melhor eu me preparar para a batalha que vai começar dentre alguns instantes. Dei um salto em forma de ataque, pulei da cama e vi que estava sonhando
Acordei, foi só um sonho de menino avoado que guarda na mente as lembranças de um viver. Um grito, quebra o silêncio e me faz despertar de vez ao ouvir: Vem tomar café menino (gritou Vó Toinha) já vou vó. Ao passar para a cozinha, eu vi as roupas do meu avô, penduradas bem perto da porta, e eu pensei até que fosse a armadura que eu tinha feito. Coisas de menino, que gente grande jamais entenderá.
Fim...da história, mas não do sonho.
Carlos Silva.