eu não dou conta.
eu não dou conta de mim
e do meu mundo interior
de meus clamores
de minhas necessidades
de meus desatinos
de meus acertos
de meus equívocos
eu não consigo dar conta de mim
de meus apelos
de minhas incertezas
de minhas emoções
de meus sentimentos
de minhas loucuras
eu não consigo jamais dar conta de mim
em minhas franquezas
de meus amores
de meus desafetos
de minhas impulsividades
de meu sexo
de meu sexo
de meu sexo
em todas as esferas que sexo pode comportar
eu não dou conta de mim, jamais
e nunca irei conseguir dar
de minhas saudades
de meus sonhos
de minhas possibilidades
de minhas limitações
de meus bloqueios
e das barreiras que insistem me criar
eu não dou conta de mim
dos outros
de nada
e de tudo
eu não dou conta de mim
na fé
na oração
no desespero
no esperançar
eu não dou conta de mim
e nem consigo dar (domar)
o meu olhar
o meu olhar
o meu olhar
em todos os aspectos que meu olhar
me impõe a assimilar o externo
eu não dou conta de mim
e nem sei se na verdade conseguirei
e o é pra dar
eu não dou conta de mim
eu não dou conta de meu viver
de cada dia que componho meu morrer
não dou conta também
não dou conta das ausências
das saudades
dos desejos
do meu ardor
das minhas chamas e labaredas
das minhas labaredas
das minhas labaredas
das minhas labaredas
das minhas labaredas
por cada uma que se incendeia
pelos mais variados motivos
à me consumir
não dou conta
não conseguirei nunca dar conta
de tudo isto e uma infinidade de coisa
que nem mencionei
nem listei
não dou conta de mim
então me conta
meu DEUS do Céu
que conta que tenho que dar?
jo santo
zilá