sou um ser que sonha
um sonho indefinido
de tão intenso, que este é
de tão vibrante
sou alguém que passa
e nem sei se deixo minhas marcas
qual profundidade estas têm?
e se tais marcas
porventura eu possa deixar
será que realmente cravam?
elas serão fruto e/ou
efeito do meu pensar
que dilacera tudo
que a tudo esbarra
por onde passo
marcas estas suaves
dócilmente fincadas
com minhas macias garras
expostas no ato de minha interação
com o meio, com tudo
representando este ser
que nem sei se sou e/ou
que sou
quem sou?
garras minhas
mutilantes das fibras alheias
da derme, que cruza meu caminho
e do músculo cardíaco
que se encontra com o meu
busca rasgar quase involuntariamente
o coração do outro
para que possa me instalar
assim que de mim se aproximar
será?
nem sei dizer
se consigo isso
ou quisera não fosse esta
mera pretensão
quisera ser alguém que ama
quisera ser alguém de pura alma
a fincar minha bandeira
a fincar minha impressão
a deixar minha maneira
de me fazer existir
por onde me for, permitido passar
seja como for
espero ao menos
mesmo sem saber direito
como o ser
ser alguém que acrescenta algo
a este plano de vida
ao transpassar esta existência
ao completar este meu viver
seja lá qual for o real objetivo
desta minha existência
seja lá quem eu realmente for
ou como tiver que ser.
paulo jo santo
26/12/2010 - 20h26
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