não ter expectativas.

meu querido amigo marcelo, em muitos dos comentários e quando conversamos pessoalmente, por diversas vezes falou sobre expectativas (e não tê-las, devido as vivências e experimentações passadas e as avaliações sobre estas e respectivas conclusões). da mesma forma escutamos muito isto, e em alguns momentos também procuramos ter esta postura.

mas na verdade é impossível não ter expectativas, pois estas estão vinculadas com nossas metas e objetivos.

se lembram do que falei de um dos norteadores com certeza de nossa vida. pela minha ótica ser a escolha. nesta vida desde sempre estamos sendo chamados a escolher o tempo todo e decidir coisas. daí vejo que na ponta disto, já que investimos em escolhas e deixamos outras coisas de lado sempre, temos metas e expectativas sobre tais escolhas. é algo intrínseco. uma coisa não é desvinculada da outra.

acredito na adaptabilidade sobre as situações, o que faz com que consideremos não contar mais com nossas expectativas por percebemos que percentualmente estamos cada vez mais longe do que fora almejado e daí para não nos acabarmos de vez, vamos buscando reduzir danos.

acho que é perfeita a concepção de redução de danos e ela é mais ampla do que seu próprio conceito e muito mais abrangente do que possamos imaginar.

acho que vivemos inúmeras reduções de danos, e também tais danos nos auxiliam na nossa construção e reformulação, que contribui e se expressa nas constantes escolhas que fazemos e distanciamentos de tantas outras possibilidades, que nos levariam à outros caminhos, outras experiências, outras histórias e vivências as mais variadas e diversas possíveis.

e ter em mente que distanciamos de todo o resto inimaginável, colocando as fichas em nossas escolhas, sempre sempre será um trauma e uma incógnita, pois mesmo que acertemos e tudo corra bem, sabemos no íntimo que abdicamos de tantas outras coisas, que nos eram igualmente interessante e este sentimento também causa danos emocionais, pois se pudéssemos queríamos abarcar o universo pra gente.

acho que a expectativa tem uma relação com o dano, ou melhor o dano está em saber, que sempre deixaremos algo de lado e pra traz, por mais que não quiséssemos, que inconscientemente fere nossas expectativas, pois queríamos cada vez ser capaz de mais e mais coisas.

deixar de ter algo, pois o caminho a ser escolhido não permite que levemos na bagagem ou pior, deixar de ter a experiência ou ter contigo algo, que no íntimo aponta ser interessante ou no mínimo significativo ou intrigante, faz com que sigamos como anjos sem uma asa, que de verdade percebemos nossas limitações, pois claramente à princípio um dos elementos castradores é ter que optar, ter que escolher (indiferente do valor pessoal disto e também da importância no que diz até ao valor que damos ao arbítrio), ter que usar deste arbítrio, diz dos condicionantes em que estamos colocados e isto é dolorido, pois vai diretamente de encontro às nossas emoções e sentimentos. e as emoções e sentimentos são medidores e instrumentos claros, de como estamos absorvendo tudo que nossos sentidos, ações e interações nos trazem, vivendo.

portanto, entre outras coisas viver é estar lidando como nosso arbítrio, que nos faz escolher constantemente. através destas escolhas almejamos e acreditamos que seguimos uma linha, que pode nos levar à determinados resultados e condições, conforme nossa cognição consegue elaborar o que observa, chega e tem de apreendido e valorado em si.

mas este guia, esse caminhar, estes resultados são consideramos por que em nossa validação e consequentemente escolha, em todas as possibilidades que vemos dentro desta rota, criamos expectativas por cada coisa que o processo envolva. e portanto, não acredito que seja simples não ter expectativas.

aliás, nem sei se deixamos de tê-las, talvez a tornemos sublimadas ou como disse antes, nos adaptemos para não nos sentirmos traídos por nossas escolhas e não ter considerado todos os elementos, possibilidades e imprevisibilidades que não tornou o almejado tão fácil ou algo tão simples de se atingir. ou mesmo considerar que a escolha que fizemos, de fato não era pra gente, ao menos naquele momento. talvez por falta de lastro ou ainda pelo fato de subestimarmos nossas expectativas, que exigiam outros elementos que no momento não estavam na nossa bagagem e precisava quem sabe até de outros elementos que nas escolhas deixamos pra trás.

seja por um motivo ou outro se torna doloroso e quem sabe insuportável tal reconhecimento do não deu... ou do neste momento não irá dar ou rolar... e esta dor diz das fichas investidas, dos planos traçados ou não, das metas que pareciam tão tangíveis e claras, assim como nossas expectativas pareciam tão consistentes, praticáveis e concretas.

e nesta vibe fico à refletir nisto e na redução de danos que precisamos sempre ter em mente, que nossas perdas pedem.

e são nossas perdas, pois estão diretamente vinculadas com nossas escolhas, que pra apimentar estão vinculadas aos nossos anseios. desejos e o arbítrio, como o peso da balança, aquele: "tá vendo!"

sei lá, meu amigo, e a todos que me dizem sobre as expectativas e à mim mesmo que em momentos tenho o mesmo pensamento, no mínimo não é tão fácil deixar de ter expectativas, pelo prisma que a reflexão me leva a ter neste momento.

jo santo

zilá

Paulo Jo Santo
Enviado por Paulo Jo Santo em 28/11/2021
Código do texto: T7395790
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