O MEU POÉTICO DESPERTAR

O meu poetico despertar.

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*Carlos Silva*

O dia (noite ou madrugada) que Chico Buarque leu algumas das suas poesias pra mim.

Foi assim:

Essa noite, eu sonhei com Chico Buarque de Holanda.

Ele me mostrava um livro seu com várias poesias suas, recitando-as para mim, carregadas de palavras difíceis que confesso que eram confusas (ao menos pro meu entendimento), face ao teor gramatical ali exposto com tanto saber.

As poesias eram bilíngüe (português inglês) e eu admirava a facilidade do seu folhear na ânsia de mostrar-me várias poesias suas.

Que privilégio por estar ali, um encontro indescritível.

Sentir -me, de fato poeta.

Numa delas, ele fazia citação a Freud explicando-me a riqueza contida na psicanálise e no modo do neurologista e psiquiatria ver a vida do sujeito, num mergulho de conhecimento absurdo.

Numa dessas explicações, o Chico me disse sorrindo: (para meu embargo de compreensão) "ele, (o Freud) ja deve ter lido alguns dos meus CDs".

Lido? A princípio achei estranho, mas compreendi que ele fazia ali uma rica referência como se tecendo um paralelo de interpretação ao querer dizer ( ou afirmando com vasta inteligência) que toda a sua obra fonográfica, era como um livro para ser lido.

Achei fantástica a sua forma de definir o seu trabalho, utilizando essa metáfora que por mim fora compreendida com muita naturalidade.

Acordei sorrindo pensando nesse sonho, e pela primeira vez na minha vida, pude ver e ouvir Chico Buarque lendo alguma poesia que (mesmo com a utilização de um linguajar escorreito) pude, ao meu modo, compreende-las.

Se os sonhos revelam nossas vontades contidas eu não sei. Mas sei que valeu apena ter sonhado com Chico Buarque.