Como se dá a formação dos grupos étnicos e suas línguas diferenciadas, como as afro-asiáticas, as khoisan, as nigero-congolesas e as nilo-saarianas. Cada um tem uma língua diferente?
A palavra "etnia" deriva-se do grego ethnos, significando "povo" que tem o mesmo ethos, costume, incluindo língua, raça, religião entre outros.
Grupo étnico, povo ou etnia, é uma categoria de pessoas que se identificam mutuamente, geralmente com base em uma genealogia ou ancestralidade comum presumida ou em semelhanças língua, história, sociedade, cultura ou nação em comum.
No pensamento de Aryon Dall'Igna Rodrigues: "As línguas são objetos fugidios, cujas manifestações faladas são momentâneas e se sucedem em alta velocidade, de modo que sua observação e sua análise científica dependem normalmente de uma fixação. Esta é obtida mediante a escrita, que se desenvolve primeiramente como fiel transcrição fonética dos enunciados ouvidos pelo pesquisador, freqüentemente gravados eletronicamente para poderem ser repetidos com precisão, e progride para uma representação fonológica mais abstrata, que permite registrar com fidelidade os dados relevantes para a análise gramatical e a interpretação semântica."
Os grupos étnicos da África são numerados em centenas, mas cada um tem a sua própria língua e cultura. As divisões entre agrupamentos de grupos étnicos africanos é complexa, tanto como é o caso das línguas africanas. Acredito que essa quantidade de dialetos e grupos étnicos se deva às migrações de povos antigos.
Línguas afro-asiáticas
*Pesquisa:
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_afro-asi%C3%A1ticas
As línguas afro-asiáticas (em textos antigos, camito-semíticas, por vezes também chamadas afrasiáticas, lisrâmicas ou eritreias) são uma família de línguas de cerca de 400 línguas. Há 495 milhões de falantes das diversas línguas afro-asiáticas, espalhados pelo extremo norte e leste da África, pela região do Sahel e em todo o sudoeste da Ásia. Dentre as línguas afro-asiáticas mais conhecidas estão o árabe, o hebraico e o hauçá.
Várias das línguas da antiguidade africana e do Oriente Médio pertencem à família afro-asiática, tais como a língua egípcia e o acádio, faladas no Antigo Egito e Babilônia, respectivamente. Os sistemas de escrita desenvolvidos para estas línguas estão entre os mais antigos da humanidade. O próprio alfabeto latino tem sua origem remota no abjad utilizado para escrever o fenício, língua afro-asiática do ramo semítico. O fato de as línguas afro-asiáticas serem escritas continuamente há tanto tempo confere-lhes um lugar especial nos estudos de linguística histórica, já que os registros escritos da família cobrem um período de mais de quatro mil anos.
Línguas khoisan
*Pesquisa:
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_coiss%C3%A3s
Coissã ou coisã (khoisan) são uma família linguística, a menor das famílias de línguas africanas. A sua característica mais notória é o uso do clique.
Quando os europeus chegaram à África Austral e começaram a escrever sobre os seus povos, estas línguas eram faladas quase só pelos coissãs do extremo sudoeste de África, que foram apelidados de bosquímanos ("homens do mato") e hotentotes ("gagos").
Hoje em dia, as línguas coissãs são faladas apenas nas imediações do deserto do Kalahari (Angola, Namíbia, Botswana e África do Sul) e numa região limitada da Tanzânia e estão a tornar-se extremamente raras, havendo inclusivamente conhecimento de algumas que se extinguiram. A maioria destas línguas não têm registos escritos. As línguas hadza e sandawe, do Quénia, são geralmente classificadas como coissãs, mas encontram-se extremamente distantes, tanto linguística como geograficamente das restantes. As línguas mais faladas dos coissãs são kwadi e sandawe.
Línguas nigero-congolesas
*Pesquisa:
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_nigero-congolesas
As línguas nigero-congolesas (ou nígero-congolesas) são uma família de línguas, sendo a maior das línguas africanas, tanto quanto ao número de falantes, quanto à área geográfica ou ao número de línguas. Podem mesmo ser o maior grupo do mundo em termos de número de idiomas diferentes, embora esta seja uma questão complicada devido às diferentes opiniões sobre o que é uma língua diferente. Quase todas as línguas da África subsaariana pertencem a este grupo. Uma propriedade comum destas línguas é o uso de um sistema de classes para os nomes.
O grupo nigero-congolês, tal como é hoje conhecido, só foi reconhecido como uma unidade gradualmente. Nas primeiras classificações das línguas africanas, um dos principais critérios usados para diferentes grupos era o uso diferenciado de prefixos para classificar nomes, ou o facto de não serem usados. O maior avanço veio com o trabalho de Koelle, que, na sua Polyglotta Africana de 1854, tentou uma classificação cuidadosa em grupos, os quais, em muitos casos, correspondem aos grupos modernos. A primeira avaliação das línguas nigero-congolesas como uma família linguística pode ser encontrada no estudo de Koelle, que encontrou eco em Bleek (1856), no qual foi verificado que as línguas atlânticas usam prefixos, tal como muitas línguas subsaarianas. Trabalho subsequente de Koelle e, décadas mais tarde, o trabalho comparativo de Meinhof, estabeleceram, solidamente, as línguas bantas como uma unidade linguística.
Joseph H. Greenberg foi o primeiro a identificar os limites dessa família, que ele chamou de "línguas nigero-cordofanianas" em seu livro Languages of Africa. John Bendor-Samuel introduziu o nome nigero-congolês para toda a família, o qual está atualmente em uso entre os linguistas (veja línguas cordofanianas da província de Cordofão no Sudão).
Os grupos pertencentes à família nigero-congolesa são:
- Oeste–Atlântico ou Atlântico ocidental: inclui, por exemplo, o Fula, uma língua falada pelo Sael e o uolofe, falada no Senegal.
- Mandê: faladas na África Ocidental; inclui, por exemplo, o bambara, a principal língua do Mali e o mandinga.
- Gur: faladas entre outros lugares na Costa do Marfim, Togo, Burquina Fasso e Mali, inclui, por exemplo, o mossi, principal língua do Burquina Fasso, falado pelos mossis.
- Kru: faladas na África Ocidental, inclui, por exemplo, o bassa, falado na Libéria e o bété, falado na Costa do Marfim.
- Cuá: inclui, por exemplo, o Acã, falado em Gana, o Língua baúle, falado na Costa do Marfim, o jeje, principal língua do Togo e o fom, principal língua do Benim.
- Ijó: pouco conhecidas, faladas na Nigéria.
- Adamawa–ubangi: inclui o ngbandi, falado na República Centro-Africana)
- Benué–congolês inclui, por exemplo, o iorubá e o ibo, falados na Nigéria e o bem grande ramo das línguas bantas, que inclui, por exemplo, o macua, o quimbundo, o suaíli, o tsonga, o umbundo.
Alguns linguistas ligam as cerca de trinta línguas cordofanianas à família nigero-congolesa, formando uma família de línguas nigero-cordofanianas. Embora essa seja uma hipótese plausível, essa ideia ainda é tratada como não provada.
Línguas nilo-saarianas
*Pesquisa:
https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_saarianas
As línguas Saarianas são uma pequena família linguística faladas ao logo do Saara Oriental, se estendendo do noroeste de Darfur ao sul da Líbia, norte e centro do Chade, leste de Níger e nordeste da Nigéria. Dentre elas se incluem a língua canúri (4 milhões de falantes em torno do lago Chade no Chade, Nigéria, Níger e Camarões), a daza (330 mil falantes no Chade), Teda (49 mil falantes, norte do Chade) e zagaua (170 mil falantes, Chade e Darfur).
Referência
RODRIGUES, Aryon Dall'Igna. Sobre as línguas indígenas e sua pesquisa no Brasil. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252005000200018