com qual bolha eu vou?
ontem fui buscar algumas coisas pra minha mãe em santo andré.
fui e voltei dentro do carro, praticamente sem sair dele.
aonde meu irmão mora fiquei na portaria hiper-mega controlada e nos vimos por minutinhos.
fui ma feira que é atrás da rua do meu irmão andando uns cinquenta metros.
e no bar/restaurante onde haviam alguns homens todos perto e sem máscara.
pessoas na feira mascaradas no geral, não percebi ninguém sem.
eu e a rose que me trouxe fiquemos o tempo necessário para tudo ser providenciado e pagarmos e voltamos pro carro. o que acredito não ter dado vinte minutos... sei lá.
comemos no carro e partimos de volta.
e a primeira impressão foi a de ter seguido numa bolha móvel, o maior tempo possível, onde o contato direto com o externo foi o ocular na maioria do tempo.
a segunda impressão é que parece que quando nos deslocamos em nossas bolhas, há enxergarmos nitidamente pessoas que estão se deslocando com suas bolhas ativadas o máximo de tempo possível e outras que nem perdem tempo em pensar na bolha.
terceira é que a troca de olhar dos quem estão seguindo cada um com suas bolhas é reconhecível, nítido e acaba manifestando ao mesmo tempo as mais variadas sensações nas intersecções das bolhas, mas também um misto de respeito...
e quarta impressão, aos que nem fazem uso da bolha, ou desmerecem a postura de quem usa a sua, a troca de olhares é de um aspecto intraduzível, onde os códigos são os mais rápidos e invariáveis que possam ser emitidos.
há tanto e tudo nesta troca de olhar e um pouco do que cada um está a representar nesta dinâmica social em que vivemos em tempos de coronavírus...
em alguns momentos será que acabamos perfurando nossas bolhas, em ações inevitavelmente no coletivo? pois somos muitos nestes caminhos e no planeta...
voltei com as coisas de minha mãe e com muitas indagações e inquietações dentro da bolha que trouxe de casa.
não sei quanto à rose?
papo doido e sensação doida de bolha. ainda mais portátil...
mas é verídica!
jo santo
zilá