ofereço cafuné.

nestes tempos em que o afago e o carinho caiu em desuso.

onde a carícia causa ojeriza ou é sempre má vista.

onde o toque está estigmatizado e contaminado pelo sentido, pelo olhar de maldade e perversão.

nestes tempos que tudo parou, tudo se distanciou, todo o sentido, principalmente o tato, é bloqueado.

começa-se a perceber, a importância vital deste.

o tato sofre, com a sensibilidade se esvai...

pela busca no passado, atendendo ao individualismo e a uma pseudo presunção de se bastar.

agora percebe-se tão profundamente errada e nociva tal busca de se isolar se fez.

o outro faz falta. e essa falta adoece.

a falta de carícia e de carinho murcha tudo, enfraquece, desmilingüa.

sempre adorei fazer cafuné.

é um atalho rápido ao coração, a comunicação das almas.

esta troca energia com o outro é vital, fundamental e complementar.

sempre assim encarei.

nestes novos dias que estão por vir, pós pandemia, com tudo seguro à aproximação, estarei aberto aos cafunés que me pedirem.

ao levar o afago, que algum coração pedirá, para novamente impulsionar seu aquecer.

um carinho a mais, após o chão parecer ter sumido, possibilitando com isto a nova sustentação.

colaborando a retomada da confiança na segurança e recomposição do bem estar do ser.

pode pedir, as mãos estarão ao dispor, de maneira mais ilimitada ainda.

à quem permitir ilimitar este tempo num simples cafuné.

afago que remete ao desarme do ser, permitindo voltar ao estado da pura infância.

um movimento para o básico da proteção, do carinho e do acolhimento ao outro, concedendo um colo.

colo este que de faz pelas mãos, e se traduzem como uma fonte inesgotável de paz, silenciamento pueril e amor.

ofereço o doce e gentil toque de vitalidade e aproximação.

aproximação que desfaz o isolamento, o sentimento desamparo e solidão.

jo santo

zilá

Paulo Jo Santo
Enviado por Paulo Jo Santo em 02/05/2020
Reeditado em 02/05/2020
Código do texto: T6934768
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