ofereço cafuné.
nestes tempos em que o afago e o carinho caiu em desuso.
onde a carícia causa ojeriza ou é sempre má vista.
onde o toque está estigmatizado e contaminado pelo sentido, pelo olhar de maldade e perversão.
nestes tempos que tudo parou, tudo se distanciou, todo o sentido, principalmente o tato, é bloqueado.
começa-se a perceber, a importância vital deste.
o tato sofre, com a sensibilidade se esvai...
pela busca no passado, atendendo ao individualismo e a uma pseudo presunção de se bastar.
agora percebe-se tão profundamente errada e nociva tal busca de se isolar se fez.
o outro faz falta. e essa falta adoece.
a falta de carícia e de carinho murcha tudo, enfraquece, desmilingüa.
sempre adorei fazer cafuné.
é um atalho rápido ao coração, a comunicação das almas.
esta troca energia com o outro é vital, fundamental e complementar.
sempre assim encarei.
nestes novos dias que estão por vir, pós pandemia, com tudo seguro à aproximação, estarei aberto aos cafunés que me pedirem.
ao levar o afago, que algum coração pedirá, para novamente impulsionar seu aquecer.
um carinho a mais, após o chão parecer ter sumido, possibilitando com isto a nova sustentação.
colaborando a retomada da confiança na segurança e recomposição do bem estar do ser.
pode pedir, as mãos estarão ao dispor, de maneira mais ilimitada ainda.
à quem permitir ilimitar este tempo num simples cafuné.
afago que remete ao desarme do ser, permitindo voltar ao estado da pura infância.
um movimento para o básico da proteção, do carinho e do acolhimento ao outro, concedendo um colo.
colo este que de faz pelas mãos, e se traduzem como uma fonte inesgotável de paz, silenciamento pueril e amor.
ofereço o doce e gentil toque de vitalidade e aproximação.
aproximação que desfaz o isolamento, o sentimento desamparo e solidão.
jo santo
zilá