Múltiplo

Pensar no múltiplo é estar diante das singularidades, o que significa experienciar a diferença, ou seja, algo que não pode ser acoplado, ou tornar-se incluído. O desafio do múltiplo está em sua dinâmica que é devir. Os próprios termos, muitas vezes restritos ao binarismo, acabam criando uma armadilha maniqueísta que promove um looping estéril. Como exemplos, podemos citar a moral, entre bem e mal, ou questões relacionadas ao debate de gênero, como masculino e feminino. Existe a tentativa de explorar o plural como forma de integração, daí surgem as derivações como Todos, Todas, mas pela insuficiência, criou-se o Todxs, mas parecia excludente enquanto signo, e veio o Todes, como forme de prolongamento de uma gagueira (e,e,e,e etc.). A própria sigla do movimento LGBT, que já foi GLS, acabou se tornando LGBTQI e logo veio o acréscimo do sinal de +, já que a sigla, com suas abrangências precisava tentar comportar a diversidade que foi sendo inserida. Pois eu digo da insuficiência da linguagem, inclusive na significação das palavras e das identidades, pois o idêntico é o que mata a diferença. Por isso proponho uma pluralidade que consiga mesclar signos com intuito de tentar contribuir com tais descaminhos. Por que usarmos, no lugar do Todes, um Tod∞s, acoplando o infinito ao tratar da multiplicidade em movimento. Mas parece que mesmo o infinito pode demonstrar um signo fechado a olhos vistos, o que faz pensar em uma segunda forma, Tod∝s. Assim, deixamos o infinito em aberto, utilizando o signo da proporcionalidade para justamente tratar da relação entre o Todo Múltiplo e os diferenciais singulares em sua multiplicidade, a relação é a única constância, o que poderíamos chamar de Diferença e Repetição (Deleuze) ou Eterno Retorno (Nietzsche). Mas nada disso se baseia em uma norma, em um modelo, uma forma, mas apenas uma sugestão, um ato de relação que a linguagem permite no exercício da Diferença.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 30/04/2020
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