SE EU AINDA VIVO É PORQUE SOU CÚMPLICE DO UNIVERSO
SE EU AINDA VIVO É PORQUE SOU CÚMPLICE DO UNIVERSO
Por quê tenho de morrer aos 55 km/h, se eu posso chegar aos 80 ou 110 km de vida?
Por quê tantos sonhos, se os pesadelos vêm juntos como brinde?
Se temos limites, ainda não sei. Muito embora eu saiba de pronto, que logo à frente, na estrada em que sigo, tem uma muralha, sem portão aberto, que somente num certo sincronismo das marchas, passadas no tempo exato do motor acionado, vai permitir que o elevador seja realmente clicado, no cão magnético, num gatilho e estalo, subindo aos poucos, enrolando as chapas que se escondem acima. E eu, passando por baixo, raspando meu crânio e meus cabelos ao vento, pois o teto solar do meu conversível é sarnento, e me vejo mais feliz por me sentir tão liberto.
Eu me sei imperfeito, e por isso é que sou limitado. E sofro com as dificuldades que enfrento, como se ao relento eu passasse os dias, debaixo da chuva ou enfrentando o vento, que Oyá sempre sopra pras labaredas arderem, pois Xangô é justiça que faz todos tremerem.
Quem me viu desde o antes e por toda jornada, sabe que a cumplicidade é comigo pra sempre, pois a minha semente eu guardei bem no colo da terra, com adubo e uma camada profunda pro caule nascer, entranhando as raízes, chupando as águas de um solo maduro, num feliz renascer pra seguir até quando a estrada vier me buscar, pra trilhar no caminho e na jornada de um eterno arco-íris, com a face e a íris a olhar para o céu, me preparando para o amor celebrar, no âmago de fé em quem gerou os meus frutos de axé.
Quando o amor é a cumplicidade inexplicável, mas sentida, é como se a abelha se entendesse colmeia, vindo ao palco para a estréia de uma ópera celeste, pois um cabra da peste pode ser do cangaço, mas conhece os passos de uma amizade de amor, como um Lampião com Maria Bonita, em que até um Corisco se grudou a Dedé, mesmo sob o calor da caatinga sofrida, sabendo que o amor só se sente e nem precisa resguardo, pois tem o fardo no peso que podemos carregar.
E é por isso que ainda vivo, pois comungo os segredos do fundo do Cosmo, que nem uma estrela de nêutrons poderá esconder, pois o buraco negro não a quer reprimida, já que eu sei aguardar sua luz renascer.
Ó estrela bendita que me banha de luz! Seja a guia que mostra as pedras que há, na estrada em que sigo, pois estou tão cansado e nem sei se o cajado ainda posso levar.
Junto com o velho mapa da mina, guardado junto ao peito suado, curvado da lida que foi tão cruel, eu espero ter o meu amor sempre ao lado, pois é tudo que quero, se merecedor eu for, em minha sentença dos céus.
Publicado no Facebook em 24/08/2019
SE EU AINDA VIVO É PORQUE SOU CÚMPLICE DO UNIVERSO
Por quê tenho de morrer aos 55 km/h, se eu posso chegar aos 80 ou 110 km de vida?
Por quê tantos sonhos, se os pesadelos vêm juntos como brinde?
Se temos limites, ainda não sei. Muito embora eu saiba de pronto, que logo à frente, na estrada em que sigo, tem uma muralha, sem portão aberto, que somente num certo sincronismo das marchas, passadas no tempo exato do motor acionado, vai permitir que o elevador seja realmente clicado, no cão magnético, num gatilho e estalo, subindo aos poucos, enrolando as chapas que se escondem acima. E eu, passando por baixo, raspando meu crânio e meus cabelos ao vento, pois o teto solar do meu conversível é sarnento, e me vejo mais feliz por me sentir tão liberto.
Eu me sei imperfeito, e por isso é que sou limitado. E sofro com as dificuldades que enfrento, como se ao relento eu passasse os dias, debaixo da chuva ou enfrentando o vento, que Oyá sempre sopra pras labaredas arderem, pois Xangô é justiça que faz todos tremerem.
Quem me viu desde o antes e por toda jornada, sabe que a cumplicidade é comigo pra sempre, pois a minha semente eu guardei bem no colo da terra, com adubo e uma camada profunda pro caule nascer, entranhando as raízes, chupando as águas de um solo maduro, num feliz renascer pra seguir até quando a estrada vier me buscar, pra trilhar no caminho e na jornada de um eterno arco-íris, com a face e a íris a olhar para o céu, me preparando para o amor celebrar, no âmago de fé em quem gerou os meus frutos de axé.
Quando o amor é a cumplicidade inexplicável, mas sentida, é como se a abelha se entendesse colmeia, vindo ao palco para a estréia de uma ópera celeste, pois um cabra da peste pode ser do cangaço, mas conhece os passos de uma amizade de amor, como um Lampião com Maria Bonita, em que até um Corisco se grudou a Dedé, mesmo sob o calor da caatinga sofrida, sabendo que o amor só se sente e nem precisa resguardo, pois tem o fardo no peso que podemos carregar.
E é por isso que ainda vivo, pois comungo os segredos do fundo do Cosmo, que nem uma estrela de nêutrons poderá esconder, pois o buraco negro não a quer reprimida, já que eu sei aguardar sua luz renascer.
Ó estrela bendita que me banha de luz! Seja a guia que mostra as pedras que há, na estrada em que sigo, pois estou tão cansado e nem sei se o cajado ainda posso levar.
Junto com o velho mapa da mina, guardado junto ao peito suado, curvado da lida que foi tão cruel, eu espero ter o meu amor sempre ao lado, pois é tudo que quero, se merecedor eu for, em minha sentença dos céus.
Publicado no Facebook em 24/08/2019