CONTRASTES DAS VONTADES SOBERBAS
CONTRASTES DAS VONTADES SOBERBAS
Nada no mundo aguenta a tormenta, que se repete de acordo ao caos necessário. Pois tudo que existe é interação de energia, que gravita sem podermos saber o porquê.
É muito fácil fazer conjecturas sobre aquilo que nunca iremos saber, pois o ser humano é egoísta e inventou a escrita para só transmitir as vontades imediatas, com pseudo verdades, sem direito à errata, que um cientista se obrigaria a registrar, quando percebesse que, ao testar as hipóteses, ele enfrenta seus demônios a dizer que nem tudo é o que se imagina, pois muito além da retina, é no inconsciente que nós chegaremos mais perto dos mistérios que o olho não irá permitir conhecer, embora registre tudo que as suas lentes tão toscas possam sob a luz presenciar.
E é por isso que eu me deparo, sorvendo um café, que me faz acordar, ante o verde medonho das matas, que curiosamente me acalma. Pois a minha alma se nutre do imaginário que defronto, com os meus ombros tão fracos, que distante de um Atlas, me sei não ser nem um Titã, que segura o nosso lar bem utópico, nos fazendo achar que há norte e sul, no sem-fim do vácuo celeste que transcende ao nosso existir.
Hoje eu sei, muito mais do que antes, que o tempo divino é multidimensional, não deixando um jornal com edições e suas datas, coisa que nós primatas pensamos de ser mais tempero que o sal.
E o sal que tempera a comida, e dá vida aos mares, é o mesmo que sela o nascer sobre o solo, onde nada ali brota, como em certos locais, nos altos dos Andes, em que uma capa salina não deixa vicejar nenhum vegetal, bem num modo animal, bem devorador, como bestas nefastas de quem tudo se afasta se prezar o viver.
E eu me ponho à janela do meu parco horizonte, que me cinge a fronte, ante o fulgor do meu Sol. Bem aí é que vejo o quanto me falta enxergar, pois além desse mar, seja de água ou de terra, de areia ou floresta, campinas ou serras, tenho apenas os sete palmos de terra para saborear, na minha eternidade de ócio, que a noite eterna do meu mausoléu me propiciará.
Por isso é que afronto os contrastes das vontades soberbas, que vislumbro nos pares que tenho em minha jornada no mundo, em que eu - um vagabundo de palavras ambulantes - me lanço num salto, do alto de um cume, para planar na penumbra da noite, que me faz tão pequeno, sendo um mero sereno d'água diante do profundo oceano, que gestou toda a vida na Terra, sob os auspícios da nossa estrela solar, de modo tão sincrônico, como a tocar um harmônio ou órgão de tubos, numa ópera dedicada a Deus.
O que me tira a alegria, é ver todos nós, passageiros do trem da vida, nos arvorando de pretensos poderes, que nos faz ser senhores de nossos semelhantes, como se o leão fosse mais que a zebra, pois que um necessita do outro para sobreviver, no equilíbrio de tudo no Cosmo, sem piadas ou delongas que nos façam cegos em terra de aleijados, pois que as cordas que serão nossas guias, nos levarão os bons dias, nos restando apenas a latrina do inferno asqueroso e ardente, do qual tanto fugimos, já que só queremos no paraíso estar.
Mas, quando será que não mais secaremos nossas árvores e vidas, não segregando nossos irmãos, não sujando nossas mãos, com um viver em desamor?
Sem respeito ao clamor de quem sofre na escravidão, que nunca se acaba - fazendo com que os outros sejam sempre bois do nosso arado, chicoteados sem misericórdia, sem descanso e sem um canto, pra dormir ou pra ninar - não teremos o direito ao sublime gorjeio do curió ou sabiá a nos aquecerem o sonhar, que precisa de uma lareira bem acesa, para cearmos todos à mesa, com a certeza de poder termos sido úteis, vindo ao mundo passear.
Publicado no Facebook em 07/08/2019
CONTRASTES DAS VONTADES SOBERBAS
Nada no mundo aguenta a tormenta, que se repete de acordo ao caos necessário. Pois tudo que existe é interação de energia, que gravita sem podermos saber o porquê.
É muito fácil fazer conjecturas sobre aquilo que nunca iremos saber, pois o ser humano é egoísta e inventou a escrita para só transmitir as vontades imediatas, com pseudo verdades, sem direito à errata, que um cientista se obrigaria a registrar, quando percebesse que, ao testar as hipóteses, ele enfrenta seus demônios a dizer que nem tudo é o que se imagina, pois muito além da retina, é no inconsciente que nós chegaremos mais perto dos mistérios que o olho não irá permitir conhecer, embora registre tudo que as suas lentes tão toscas possam sob a luz presenciar.
E é por isso que eu me deparo, sorvendo um café, que me faz acordar, ante o verde medonho das matas, que curiosamente me acalma. Pois a minha alma se nutre do imaginário que defronto, com os meus ombros tão fracos, que distante de um Atlas, me sei não ser nem um Titã, que segura o nosso lar bem utópico, nos fazendo achar que há norte e sul, no sem-fim do vácuo celeste que transcende ao nosso existir.
Hoje eu sei, muito mais do que antes, que o tempo divino é multidimensional, não deixando um jornal com edições e suas datas, coisa que nós primatas pensamos de ser mais tempero que o sal.
E o sal que tempera a comida, e dá vida aos mares, é o mesmo que sela o nascer sobre o solo, onde nada ali brota, como em certos locais, nos altos dos Andes, em que uma capa salina não deixa vicejar nenhum vegetal, bem num modo animal, bem devorador, como bestas nefastas de quem tudo se afasta se prezar o viver.
E eu me ponho à janela do meu parco horizonte, que me cinge a fronte, ante o fulgor do meu Sol. Bem aí é que vejo o quanto me falta enxergar, pois além desse mar, seja de água ou de terra, de areia ou floresta, campinas ou serras, tenho apenas os sete palmos de terra para saborear, na minha eternidade de ócio, que a noite eterna do meu mausoléu me propiciará.
Por isso é que afronto os contrastes das vontades soberbas, que vislumbro nos pares que tenho em minha jornada no mundo, em que eu - um vagabundo de palavras ambulantes - me lanço num salto, do alto de um cume, para planar na penumbra da noite, que me faz tão pequeno, sendo um mero sereno d'água diante do profundo oceano, que gestou toda a vida na Terra, sob os auspícios da nossa estrela solar, de modo tão sincrônico, como a tocar um harmônio ou órgão de tubos, numa ópera dedicada a Deus.
O que me tira a alegria, é ver todos nós, passageiros do trem da vida, nos arvorando de pretensos poderes, que nos faz ser senhores de nossos semelhantes, como se o leão fosse mais que a zebra, pois que um necessita do outro para sobreviver, no equilíbrio de tudo no Cosmo, sem piadas ou delongas que nos façam cegos em terra de aleijados, pois que as cordas que serão nossas guias, nos levarão os bons dias, nos restando apenas a latrina do inferno asqueroso e ardente, do qual tanto fugimos, já que só queremos no paraíso estar.
Mas, quando será que não mais secaremos nossas árvores e vidas, não segregando nossos irmãos, não sujando nossas mãos, com um viver em desamor?
Sem respeito ao clamor de quem sofre na escravidão, que nunca se acaba - fazendo com que os outros sejam sempre bois do nosso arado, chicoteados sem misericórdia, sem descanso e sem um canto, pra dormir ou pra ninar - não teremos o direito ao sublime gorjeio do curió ou sabiá a nos aquecerem o sonhar, que precisa de uma lareira bem acesa, para cearmos todos à mesa, com a certeza de poder termos sido úteis, vindo ao mundo passear.
Publicado no Facebook em 07/08/2019