AS CIVILIZAÇÕES DEPENDEM DOS SÓIS

AS CIVILIZAÇÕES DEPENDEM DOS SÓIS

Não é fácil fazer conjecturas sobre a vida, principalmente quando se quer a mesma organizada em espécimes que interagem socialmente e de modo voluntário, organizacional e intervencionista nos processos evolutivos, que naturalmente se dão em lapsos temporais bem mais longos do que as gerações dos seres sociais predominantes no contexto geográfico em que estão inseridos o queiram, pois o imediatismo, considerando-se a magnitude de tamanho, energia e tempo, os faz pretender que suas vontades sejam implementadas dentro dos ciclos de vida dos seus indivíduos, objetivando o gozo eventual, mesmo que as consequências para as gerações futuras não sejam plausíveis para a possibilidade de perpetuação, que almejam quaisquer criaturas que estejam no Cosmo.

E essas conjecturas que me arvoro de expressar se dão pelo conflito que se percebe ocorrer não só entre períodos sociais, que limitaríamos aos padrões humanos e terráqueos, mas até entre meras gerações de convivas, já que a complexidade do efeito não só cultural, mas também ambiental ou hormonal, podem inferir em propostas atitudinais, as quais replicam ciclos históricos de 'modus vivendi', que podem trazer saudosismos ou repulsas completas, que estimulem mudanças nos tabus e esquemas éticos e morais, impactando na busca incessante por respostas ao porquê do existir e até mesmo sobre quais serão os limites do nosso existir - ou até quando poderemos imaginar que nossos semelhantes também o possam, já que as fontes planetárias de nutrientes e matéria prima para o nosso refestelar são finitas, desde que o nosso limite seja o próprio planeta mater ou seu sistema solar.

Sabemos que o Universo gesta as estrelas e todos os seus mais misteriosos bólidos de massa, energia ou de vida, que nos impõe meditarmos a todo momento, sobre quais os fermentos e seus derivados recheios que possibilitarão a humanidade continuar. Ou será que o futuro nos reservará uma mera extinção, como já aconteceu com muitas outras espécies, mesmo de hominídeos, no caminhar evolucionista, que nunca para?

Eu só sei que me deparo - em todos verões, em que me vejo prostrado ao vento, nas noites de luar escondido, sem luzes artificiais ou nuvens a cobrir o meu olhar, magneticamente focado em perceber as profundezas do Cosmo celeste, mesmo com minhas lentes naturais, que meus olhos permitem - com a grandiosidade de tudo que me arvoro de intitular como o suprassumo da Onisciência, Onipotência e Onipresença, que insisto, como os meus antepassados, em nomear como Deus (em quaisquer nomenclaturas que as sociedades o queiram), que é a razão da sincronia do todo, do micro ao macro, em tudo que imagino e constato, por ser mais que criatura, pois é Criador.

E esse Criador nos deixou os bons sóis, no seu amadurecer amarelado, tendo nos cercados de seus quintais os planetas e satélites, asteroides e cometas, sem falar que nos sopra a poeira do Cosmo estelar, para promover o encanto de ver criaturas a buscar estrutura para o conviver, pois não há uma espécie que se diga pujante, mas que não tenha como regra o mister social, onde as 'civitæ' se mostrem em repentes mais complexos do que meros grupos de clãs.

Mas também sabemos dos riscos que o aglomerado de seres que pensam sozinhos, ultrapassando os nichos ecológicos que limitam as ambições dos seus indivíduos, impõem ao que imaginamos que seria ideal, pois o que desejo, na maturidade da vida, é que minha sobrevida seja de paz e fartura, onde o meu organismo, mesmo fraco e impreciso pela debilidade do tempo vivido, seja contemplado com o respeito e o carinho necessários ao momento de contemplação imaginativa do que nos aguarda ao fim da jornada, em que nos percebemos nesse nosso estágio do tempo, que denominamos de agora.

Mas corremos o risco de novos modos de pensar o futuro influírem no que desejamos ainda, visto que o imediatismo do progresso alcançado pelos humanos de hoje têm produzido novos propósitos e modos de convívio, onde as benesses das tecnologias se tornam mais fúteis e voláteis, no aspecto do possuir, do imperar e do usufruir, os quais tem sido objeto de luxúrias e apegos materiais, e desconectados do âmago filosófico e espiritual que embalam nossos sonhos e utopias, nossas esperanças e crendices, nos mistérios que se escondem no divino, pois "se penso, logo existo!".


Publicado no Facebook em 26/07/2019