°"POR QUANTOS CAMINHOS ANDAREI, SE SOMOS COMO NOSSOS PAIS, ANTEPASSADOS E DESCENDENTES"º
 
 
°"POR QUANTOS CAMINHOS ANDAREI, SE SOMOS COMO NOSSOS PAIS, ANTEPASSADOS E DESCENDENTES"º

Imaginamos que a vida do livre arbítrio nos permite escolher o que nos der na telha. Ou seria no energizar e protagonizar nos conflitos dos nossos entrelaces neurais?

Mas, não evoluímos além do que já decantava Raul Seixas, sobre os percentuais de produtividade das nossas concatenações cerebrais, salvo quase imperceptíveis exceções, que já foram baluartes na extensão da nossa breve existência, se nos arvorarmos de comparativos com a longevidade da criação divina, que nunca para, mas só se recria, desconstrói, reconstrói e aperfeiçoa.

Pensamos que vivemos de sonhos, mas somos os encontros e tropeços com a realidade e as trombadas com todos os percalços que as saliências que não enxergamos estão a nos desequilibrar, tropeçar, fazer cair, levantar ou morrer todos os dias, mesmo que sejamos estatísticas, pois outros nascem para ocupar o nosso espaço físico e etéreo, que deixaremos como breve
lacuna.

E ainda seremos como nossos pais, que inconscientemente também foram como os deles, num contexto de sociedade próprio de cada estágio ou era, mesmo achando que os tempos são outros, e sempre o serão, se olharmos os contextos resultantes das mutações que reorganizam todo o espaço terreno e sideral, em suas expansões e retrações cíclicas, caracterizadas pelas eras de vácuo e tempo, de dimensões e vontades divinas, imperscrutáveis à nossa vã filosofia.

Mas, numa existência a mais, repetimos tudo o que já foi feito, numa nova roupagem, maquiagem e pensamentos, que imaginamos ser mais complexos e evoluídos, quanto à história genética, cromossômica e até espiritual, que evolui ao sabor do querer de Gaia e de Urano, sem falar em Cronos, para que o raio de Zeus faça o seu trabalho com esmero.

Por quantos caminhos andaremos até sermos realmente dignos do emblema de humanidade onívora, mas ciente da responsabilidade e do entrelace com as outras criaturas, e interdependência para a consumação do mistério que nunca compreenderemos? Por quantos mares navegaremos, atmosferas gravitaremos e a romperemos, para chegarmos ao vácuo, aos quasares e buracos negros, galáxias, nuvens e poeiras cósmicas, que estão além do nosso capital neural?

A resposta talvez esteja a nos rodear, como os gases que alimentam nossos pulmões e fazem brotar o suor que nos filtra toxinas e dá estabilidade ao nosso termômetro de saúde, para gozo do que nos é dado de presente, como a brisa e o orvalho sabe a lua nos deixar a cada alvorecer, com que refresca e alimenta as folhas e o solo, sem falar os nossos polinizadores, que mantém a biodiversidade imprescindível ao nosso existir.

Existimos porque evoluímos e por que o fizemos garantindo uma sobrevida que ultrapassou o início das nossas capacidades férteis e geracionais.

No mais, somos como as pás eólicas, que só respondem ao sopro do vento, que se combinam com o calor que evapora e traz a umidade que nos vem com as boas novas das chuvas e trovões, em respostas de vida e de sonhos, de realizações e amores, mesmo que deixemos contrariar a imaginação do fim da guerra e do ódio, expressas por John Lennon, praticando horrores incompatíveis com a busca da felicidade e da decantada paz.

E tudo isso acontecendo, sem a nossa consciência de que o show deve continuar, pois o Universo é o éter, que exige que "The show must go on!", my friends, mesmo que fiquemos a perguntar como faremos isso e seguiremos (How can I go on!).


Publicado no Fecebook em 08/04/2019