O FLAMEJAR NA SOLIDÃO DE UM BARCO OU BALÃO
O FLAMEJAR NA SOLIDÃO DE UM BARCO OU BALÃO
A chama de um isqueiro, nos reporta ao palito de fósforo que se acende, mas numa certa hora se apaga.
Mas, antes de apagar, essa chama flameja na solidão da fonte que se esvai, seja pelo fluido que se esgota ou pela talisca de madeira que se consome.
Quando eramos meninos, de um saudoso tempo, que não volta jamais, sabíamos recortar os papéis celofanes, colados com goma que nós mesmos preparávamos para fixarmos, com fino arame, uma bucha embebida de querosene, que inflamaria aquele saco colorido com o gás da chama em combustão, fazendo com sua leveza, se soltar de nossas mãos e subir nos encantando em todas festas juninas, iluminando os céus em noites de breu profundo.
E o breu profundo, quando as nuvens vêm carregadas para as tempestades, também conseguem esconder a chama majestosa do sol que se põe, nos dando a sensação de insegurança, ou a calmaria necessária para nos prepararmos e nos embalarmos nos mistérios de Hipnos e de Morfeus, onde nos reenergizaremos numa nova chama que nos abrirá os olhos, para nos entendermos vivos e dispostos a recomeçar, pois cada acordar é uma nova história que somamos às já vividas, alinhavando o enredo de nossas esperanças e propósitos.
Mas se navegamos em noites de lua cheia, nossos fósforos depositamos na caixinha do nosso bom satélite, que não lançamos por foguetes, mas nos foi presente ou enfeite, para nas noites namorar.
E esse satélite, que tem as graças de São Jorge, só nos dá a sorte de ver mais forte, quando combina com todas as nuvens, ofuscando até o brilho das estrelas, num contraste malandro entre lua nova e cheia, que se harmonizam para que possamos também apreciar a chama de todas as estrelas que nossos miúdos olhos podem alcançar, que já não são de hoje, mas de muito antes de todos nós mesmos aqui brotar.
Então, não desperdicemos cada segundo de luz pra nos guiar, ou a escuridão que nos faz pensar, pois nela cores já não há, só em nossos sonhos e anseios pelo novo dia que virá.
E mesmo que alguns de nós sejam tragados pela noite eterna, que nos rouba o corpo já gasto e corrompido pelo viver às vezes extenuante, a chama da carne se apaga, mas nos deixa vagar as almas para a dimensão que Deus nos prouver.
Aproveitemos as nossas chamas nos barcos da vida, para pescarmos os mais saborosos peixes e crustáceos, que manterão a fornalha acesa em nossas sementes, que louvarão tudo aquilo que lhes deixarmos herdar, que não são ouro ou moedas, mas a maneira de andar, com o respeito à natureza e ao que nos permitimos amar.
Bem sabemos que muitos esquecem a luz e só se apropriam das trevas sem buscar a sabedoria, valorizando o mau querer, como se a vida nos impusesse ficarmos a desfolhar um trevo de bem me quer, não atentando pra breve chama que logo se apaga, onde sucumbe o nosso ser, só sobrando a solidão de nosso barco ou balão, que tem o seu curto roteiro a percorrer.
Publicado no Facebook em 22/12/2018
O FLAMEJAR NA SOLIDÃO DE UM BARCO OU BALÃO
A chama de um isqueiro, nos reporta ao palito de fósforo que se acende, mas numa certa hora se apaga.
Mas, antes de apagar, essa chama flameja na solidão da fonte que se esvai, seja pelo fluido que se esgota ou pela talisca de madeira que se consome.
Quando eramos meninos, de um saudoso tempo, que não volta jamais, sabíamos recortar os papéis celofanes, colados com goma que nós mesmos preparávamos para fixarmos, com fino arame, uma bucha embebida de querosene, que inflamaria aquele saco colorido com o gás da chama em combustão, fazendo com sua leveza, se soltar de nossas mãos e subir nos encantando em todas festas juninas, iluminando os céus em noites de breu profundo.
E o breu profundo, quando as nuvens vêm carregadas para as tempestades, também conseguem esconder a chama majestosa do sol que se põe, nos dando a sensação de insegurança, ou a calmaria necessária para nos prepararmos e nos embalarmos nos mistérios de Hipnos e de Morfeus, onde nos reenergizaremos numa nova chama que nos abrirá os olhos, para nos entendermos vivos e dispostos a recomeçar, pois cada acordar é uma nova história que somamos às já vividas, alinhavando o enredo de nossas esperanças e propósitos.
Mas se navegamos em noites de lua cheia, nossos fósforos depositamos na caixinha do nosso bom satélite, que não lançamos por foguetes, mas nos foi presente ou enfeite, para nas noites namorar.
E esse satélite, que tem as graças de São Jorge, só nos dá a sorte de ver mais forte, quando combina com todas as nuvens, ofuscando até o brilho das estrelas, num contraste malandro entre lua nova e cheia, que se harmonizam para que possamos também apreciar a chama de todas as estrelas que nossos miúdos olhos podem alcançar, que já não são de hoje, mas de muito antes de todos nós mesmos aqui brotar.
Então, não desperdicemos cada segundo de luz pra nos guiar, ou a escuridão que nos faz pensar, pois nela cores já não há, só em nossos sonhos e anseios pelo novo dia que virá.
E mesmo que alguns de nós sejam tragados pela noite eterna, que nos rouba o corpo já gasto e corrompido pelo viver às vezes extenuante, a chama da carne se apaga, mas nos deixa vagar as almas para a dimensão que Deus nos prouver.
Aproveitemos as nossas chamas nos barcos da vida, para pescarmos os mais saborosos peixes e crustáceos, que manterão a fornalha acesa em nossas sementes, que louvarão tudo aquilo que lhes deixarmos herdar, que não são ouro ou moedas, mas a maneira de andar, com o respeito à natureza e ao que nos permitimos amar.
Bem sabemos que muitos esquecem a luz e só se apropriam das trevas sem buscar a sabedoria, valorizando o mau querer, como se a vida nos impusesse ficarmos a desfolhar um trevo de bem me quer, não atentando pra breve chama que logo se apaga, onde sucumbe o nosso ser, só sobrando a solidão de nosso barco ou balão, que tem o seu curto roteiro a percorrer.
Publicado no Facebook em 22/12/2018