A MONTAGEM DO NOSSO CARÁTER NECESSITA DE LUZ PARA O DESPERTAR.
A MONTAGEM DO NOSSO CARÁTER NECESSITA DE LUZ PARA O DESPERTAR
Quando buscamos formular a nossa vida, preparando o irrigar das nossas veias e o batimento cardíaco do nosso caráter, temos que nos preencher de conhecimento do que já existiu e existe, mas também do que ocorreu e cotidianamente ocorre em nossa volta, pois nascemos nus, tanto no que tange às vestes com que cobrimos o nosso pudor, mas também despidos das indumentárias da cultura e do saber, que nos aquecem ou nos protegem das intempéries e nos preparam para a necessidade de embrenharmos nos sertões da vida que nos dispomos ao usufruto.
E assim é que temos bem diante de nós um baú bem pequeno, mas com grande capacidade de dilatação, onde iremos injetar o todo que apreendermos nessa jornada, a qual pode ser tranquila ou tempestuosa, sempre ao embalo do conjunto oceânico da humanidade, que nos dirá se o mar está sob um céu de brigadeiro ou a enfrentar as tormentas que indicarão o como proceder, para enfim atravessarmos a nossa ‘rota da seda’ ou adentrarmos nos nossos canais de vento, que levarão o sopro da humidade que fertilizará a tudo e a todos, nos dando força para enfrentar os nossos desafios.
Por isso, os degraus da nossa escadaria, rumo ao ápice celeste de vida, requer muita luz no seu trajeto, fazendo com que estejamos espertos e despertos para enxergar o quanto somos dependentes do conviver e do interagir, visto que somos praticamente os mais frágeis seres sobre a face desse lugarejo astral, que chamamos de Terra, mas que também se oferece a nós como lar.
É preciso saber dar as mãos para não só amparar quem caminha junto conosco, mas para enxergar além do alcance meramente mecânico do nosso olhar, perscrutando o que flui dentro de cada ser ou ambiente, na busca de manter as nossas velas acesas, pois sempre haverá os momentos em que não só a parafina e o pavio se queimarão, mas também teremos os afagos ou chicotadas com que os ventos açoitarão a nossa chama de luz e calor, querendo ver apagar os nossos propósitos, ou até a nossa fé e esperança de vida.
Temos que acionar a nossa visão lateral, não deixando escapar nada do que possa nos capacitar para a nossa longa subida, pois não sabemos antecipadamente o quão escarpada e íngreme será a montanha que se erguerá à nossa frente, seja por que ela já está lá, nos aguardando desde tempos imemoriais, ou estará se erguendo repentinamente pela força das placas tectônicas a se debaterem nas acomodações do solo, que fomos nós mesmos que preparamos, pois temos a mania de cavar ou de aterrar os terrenos em que projetamos os alicerces dos nossos edifícios, seja como cupins ou como castores, como pássaros vários que juntam gravetos para seus ninhos, ou os joões-de-barro, que constroem seus lares com barro, mas longe do solo e na segurança dos galhos mais fortes e frondosos das árvores.
E é desse jeito que nos aguarda o cimo, de onde avistaremos o horizonte que definirá se será nesse cume a nossa chegada final do percurso, onde acharemos o tabuleiro almejado, ou se haverá algo mais necessário a fazermos, para termos concluso o nosso mister. E então olharemos para a nossa árvore, em que tanto trabalhamos o nosso caráter, como a cuidar de um bonsai, pois iremos ver se ela ficou num local bem sólido e tranquilo, ou apenas cercada pelo oceano que, ora calmo ou tempestuoso, não nos permitirá saber se mereceremos o bom descansar, de uma jornada que estará bem cumprida, se de modo coerente deixarmos os exemplos para os demais que virão depois de nós, para também caminhar.
Publicado no Facebook em 24/06/2018