A VISÃO DE QUEM SENTE
 
         Muitas vezes não sabemos como se começa, os sinais são silenciosos, são vagarosamente imperceptíveis, na primeira percepção, não adianta falar com alguém, família, amigos, colegas de trabalho, ninguém vai acreditar, apenas vão te passar uma receita caseira e te contar uma piada, você não tem uma doença grave, uma Tuberculose ativa, Hanseníase, Alienação mental, Esclerose múltipla, Hepatopatia grave, Neoplasia maligna, Cegueira, Paralisia irreversível e incapacitante, Cardiopatia grave, Doença de Parkinson, Espondiloartrose anquilosante, Nefropatia grave, Estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), Síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação; ou Doença com base em conclusão da medicina especializada.
          Você está ali inteiro, não lhe falta um braço, uma perna, fisicamente você está apto para tudo, então não terá oportunidade de convencer ninguém, você não sangra, não tem secreção, apenas, escondido, jorra de seus olhos, lágrimas, ocorre porque no nosso cérebro, o sistema límbico passa a informação de tristeza para a frente, chegando na fábrica de lágrimas, o qual a glândula lacrimal aproveita de nossa tristeza e produz muito mais.
          Então, o olho direito, que a literatura afirma produzir a primeira lágrima, quando se está feliz, vai ficando seco e fundo e o olho esquerdo, que produz a primeira lágrima da tristeza, rega-se, e também salva o olho direito, que se aproveita da abundância de lágrimas. De uma forma ou de outra, chorar é uma maneira muito saudável de exteriorizar toda a nossa raiva, felicidade, impotência ou tristeza, por isso não tenham medo das lágrimas.
         O tempo passa, mas sua mente, pode ficar em pausa, desprovida de movimento, sem sinal de vida, alheia, sem foco, imagem turva ou as vezes projetando sombras correndo nas paredes de tua casa, teu quarto, ou ir além da imaginação, uma ficção sem limites, te envolvendo na leveza da falta de aptidão, da falta de vontade de tudo, sobretudo da vida.
          Outras vezes, estamos só, apenas só, vazios, por dentro e por fora, um ponto cego, incolor, indolor, um desamor tão profundo, que a solidão não se aproxima, já perdeu sua vez nesse corpo e nessa alma, que se difundiu, largando um ao outro, a própria sorte.
          Assumir essa situação, num mar revolto, ir contra o sistema, desapontar a família, a sociedade e voltar do afogamento em uma apneia profunda, talvez seja, e é a fase mais difícil de um ser, apenas um ser humano?
          Depressão não é invenção, não é ficção?
Apenas um relato, uma opinião...
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 29/08/2019
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