O Supercarro com Adesivo Errado
(No contexto da premiação do cantor Caetano Veloso como o melhor cantor do ano em um famoso programa de televisão)
Era uma vez, um supercarro, de última geração, sonho de consumo de muita gente. Muitos jovens sentavam no banco de couro e embalavam paixões, ouvindo as músicas românticas que saiam daquele som mágico. Todos gostavam de passear com aquela máquina, exibindo-a para toda a vizinhança. A pintura era reluzente, irradiante; o motor potente; o design revolucionário. Todos tinham pôsteres em seus quartos com a figura daquele o carro. Era o orgulho, símbolo de qualidade. Um dia, porém, muitos admiradores mudaram completamente de opinião. Passaram a detestar o antes amado carro. Tudo o que ele representou de fato foi esquecido. E sabem por que? Porque alguém colou um adesivo no para-brisas com o escudo do time arquirrival.
A partir desse momento, a admiração sincera desapareceu e em seu lugar surgiu um ódio incontrolável pela simples diferença de preferência. Não importava qual fosse: time, religião, orientação sexual, partido político, enfim, qualquer coisa diferente daquilo que cada um pensava e tinha como “verdade absoluta”. ( ). O ódio cegou as pessoas, reduziu o debate e o julgamento a questões meramente partidárias. Esqueceram do valor artístico e cultural. Esqueceram da arte na sua mais completa dimensão: a que liberta, a que congrega, a que nos torna pessoas melhores. Eu NÃO TENHO a mesma opção política do Caetano, mas isso não importa: MESMO.
No meu quarto, às vezes no silêncio da noite, eu fico ouvindo ou lendo Caetano, Gil, Chico Buarque, Vinícius, Jobim, Caymmi, Clarice, Mário Lago, Jorge Amado, Ariano, Guimarães, Machado, e tantos e tantos outros, cujas músicas, livros, filmes, versos, peças, arte em geral, não estão à Esquerda ou à Direita da minha mente ou da minha cama, e, sim, principalmente, no CENTRO do meu coração. Feliz é o país que tem filhos como eles. Com essa certeza, inabalável, eu durmo e sonho com todos eles, e acordo mais feliz. PARABÉNS PELO MERECIDO PRÊMIO, CAETANO EMANUEL VIANA TELES VELOSO e obrigado pela sua obra: IMORTAL, que ódio nenhum vai conseguir apagar.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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