O Amor e o Tempo
O Amor e o Tempo
“Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio...”
(Chico Buarque de Holanda, “Futuros Amantes”, 1993)
A perda de um grande amor pode deixar sequelas, temporárias ou duradouras, é verdade, mas também pode ser um aprendizado importante quanto à calibragem dos nossos sentimentos.
"O amor declarado precocemente tal qual o declarado tardiamente, conduz invariavelmente ao mesmo resultado: o primeiro pela imaturidade do sentimento; o segundo pela sua prescrição." [Nota 1]
Devemos sempre nos perguntar: qual é a cadência deste nosso amor? Que ritmo devemos ditar na expressão deste sentimento?
Às vezes as pessoas se amam num andamento diferente, como gostassem de dançar juntas, mas não seguissem o mesmo compasso da música.
Cobranças, ciúme, indiferença e algumas outras manifestações do gênero vão distanciando os pares desta valsa que se deseja que seja síncrona.
Além do mais, existe a possibilidade de que aquele que achávamos que seria o nosso grande amor, talvez fosse apenas um preparatório para um outro ainda maior.
Seja de que jeito for, é importante também ouvir a voz do silêncio, para perceber nas entrelinhas e nas entressafras desse sentimento, que uma boa colheita depende fundamentalmente de uma boa preparação do terreno e também de uma boa semeadura.
Desta forma, recomendo: “Prepara a tua terra com a mesma volúpia dos apaixonados em noite tórrida; semeia o teu terreno com o mesmo entusiasmo dos namorados em noite inaugural; colhe os teus frutos com a mesma gratidão dos amantes em noite de despedida. ” [Nota 1]
Não deve haver pressa, nem afobação na liturgia do amor, apenas a temperança necessária para sorvê-lo plenamente em cada momento que a paixão e o desejo se manifestarem.
Por certo um relacionamento amoroso não é ciência exata, na qual aplicamos valores a determinadas variáveis para se obter um resultado numérico.
Muitas vezes, as esclarecedoras respostas, não estarão, obviamente, numa equação matemática, mas, sim, nas mãos deste que é o senhor da razão: o tempo.
Afinal, transportando agora para este epílogo de texto, os sábios versos da composição do Chico Buarque, que inauguram este singelo ensaio: “Não se afobe, não,/ Que nada é pra já / O amor não tem pressa / Ele pode esperar em silêncio...”
Notas:
[1] Da minha série “Pensamentos que Pensamos”, categoria Pensamentos.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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