Convicção X Convencimento

Da série: DUALISMOS

(Uma visão analítica, num olhar literário)

Imaginem dois oradores: um exímio vendedor de ideias sem a propriedade da raiz do seu produto; outro um idealista sem o devido traquejo das palavras.

Se você, caro leitor, pretende imiscuir-se neste meio, saiba: a conjugação destes dois elementos em epígrafe é, sem dúvida, o cenário ideal, no universo de transmissão e captação do conhecimento, ao qual somos submetidos diariamente no exercício da nossa vida, seja no plano profissional, social, afetivo ou até mesmo existencial.

Para o atingimento deste modelo perfeito de expressão, no entanto, se faz necessário entendermos as minudências destas diferenças. É com esse desiderato que colaciono os argumentos que abaixo se emergem neste ensaio.

Quando falamos em convicção, evocamos a essência; a verdade bruta não lapidada por conveniências de qualquer ordem. Dizemos que é a expressão mais autêntica do sentir e do pensar. Não necessariamente a convicção de um homem tem caráter universal e dogmático. Todos nós, sem exceção, somos o produto das nossas individualidades: um laboratório permanente de certezas e contradições, onde, com o perdão do trocadilho, reformulamos consciente ou inconscientemente a fórmula que buscamos encontrar no caminho que escolhemos trilhar. Um homem convicto é o que é: sem dissimulações. As suas ideias são, por si só, a sua causa maior de viver. Às vezes, a sua exacerbação o conduz à insidiosa senda do radicalismo. E aí ele se perde e perde uma boa parcela dos atores que necessita para o enredo da vida, no palco que costumamos chamar de sociedade.

Se quer conhecer um homem sem o rebuço das convenções sociais, mergulha nas suas convicções, mas não se deixe, por elas, afogar-se, pois é necessário vir à tona respirar ares de realidade.

O convencimento, por sua vez, veste o uniforme da aparência. Transita com cautela na seara do puro existencialismo filosófico, contudo com grande desenvoltura no ambiente comercial de compra e venda das ideias e dos desejos. Ele é mais hábil que o seu parceiro, pois apresenta-se mais vistoso, mais sedutor. Não costuma mergulhar grandes distâncias. Não se aventura nos pélagos do conhecimento. Prefere guardar um espaço confortável com a superfície dos fatos, pois o estoque de oxigênio e de argumentos não garante o fôlego necessário para incursões profundas em questões que exijam a verdade imaculada. Porém, como os mergulhadores sociais não necessitam de grandes profundidades para o exercício das suas submersões diárias, ele parece ser mais requisitado do que o outro, para o convívio no oceano que costumamos chamar de sociedade.

Se quer conhecer a destreza de um homem no trato das convenções sociais mergulha nos seus convencimentos, mas não se deixe, por eles, afogar-se, pois é também necessário imergir da tona para não respirar a todo o momento os ares desta mesma realidade.

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

10 de maio de 2018

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 18/05/2018
Reeditado em 30/06/2018
Código do texto: T6339461
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