espectro.

não ser mulher (como fazem questão de me lembrar), mas também não ser um homem (da maneira como sinto, penso e me reconheço), acredito ser meu principal estigma.

este detalhe, gera mil desdobramentos, frases de impacto, lágrimas, rudes posicionamentos alheios, uma infinidades de situações, fatos, coisas e circunstâncias...

um leque de coisas que me acompanham no transcorrer de minha vida, que corre muito rápida.

talvez e também por este motivo, o que digo, vejo, percebo, faço, acabe soando incompreensível à razão que rola aí.

já que na mesma proporção que não analisarei como uma mulher (que não sou), também não o faça como homem (que não me entendo ser).

não ser uma coisa ou outra é meu dilema, parece ridículo e absurdo de conceber, mas o que fazer com a coisa que não sou e a outra que não me entendo e nem quero ser?

vestir-me de algo qualquer que não me cabe, jamais o farei, portanto meu estigma é seguir como um espectro, dentro do que seja possível se viver e das condições que me são dadas.

jo santo

zilá

Paulo Jo Santo
Enviado por Paulo Jo Santo em 30/04/2017
Código do texto: T5985824
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