fora de realidade (colcha de retalhos).
irônico como o que pensei e projetei não se deu e/ou não aconteceu.
o que realizou-se, foi em grande parte, num contexto inusitado, dispare do pretendido.
será que os acontecimentos aguardados são sempre assim?
envoltos a um elemento inesperado, incalculado e com isto sofrendo alguma distorção ao idealizado?
o fato que pareço deslizar por entre circunstâncias de tal natureza, o que me faz pensar sobre a realidade e um ambiente que se cria fora dela.
e de que realidade estou a abordar? e qual me insiro de fato?
permeio por tantos valores, símbolos, práticas, ideologias, etc, etc, etc. sejam esta minhas ou alheias, que meu agir parece se fazer fora da realidade. aquém do coeso, concreto, certo ou algo que possa ser totalmente previsto ou ao menos esperado.
estar fora da realidade é viver de um jeito a querer alcançar um fim em toda a sua plenitude e quando isto não acontece, sofrer uma dor de morte, se fazer infeliz e incompetente por isso (ainda que isso se dê em sentimentos).
a culpa e a cobrança são ilusões projetadas de uma realidade aparente, que com certeza não condiz com a plenitude da vida e do viver, que se dá nesta diversidade que nos une, que por si só suscita ao inusitado e incalculado o tempo todo.
o elemento surpresa se fará pelas próprias variantes e/ou variáveis que naturalmente já estão postas.
a certeza é de nos constituirmos dos retalhos que conseguirmos juntar com muito custo pelo caminho.
o objetivo concreto é formar destes (retalhos) uma colcha que cobrirá toda nossa existência, dando um significado com a estampa que formamos e que servirá para envolver nossa alma, aquecendo-a com seu calor, que se fará necessário para afastar a friagem das decepções, tristezas, perdas, não realizações, incompletudes e tudo o que não correspondeu a realidade que almejamos para nossa vida.
assim, acredito que, a incerteza, o desafio, a inconstância e tantos elementos que nós criamos e plasmamos se façam nossas realidades aparentes e intensamente vivificadas.
são elementos ilusórios que criamos e reafirmamos como condicionadores de nossa existência, portanto, alguns se sintam fora desta realidade convencional.
existência essa fora da realidade de fato, quiçá uma realidade muito mais plena, multifacetada e não por isso deixando de ser muito mais pulsante, interessante e plenamente feliz, desvinculadas de nossos pequenos artifícios e imediatismos.
realidade onde a espaço para o diverso, que deveria a princípio ser o esperado.
jo santo
zilá