anestesia.
fui anestesiado pela, segunda vez, para repetir a endoscopia.
somente quatro pessoas se dispuseram a me acompanhar, uma delas veio inesperadamente se oferecer, a magda...
e de novo fui preparado para o exame., sentindo como de praxe o pânico da agulha que,logo perfuraria-me. mas na hora aprendi relaxar total e pensar nas minhas flores mentais e unicórnios.
e tentei relutar e ficar atento. bobagem...
só, senti os toques da técnica de enfermagem em mim e a vi dizendo, terminou o exame.
mas a sedação e a sensação de nihil que ela causa é magnífica.
confesso que me despertou um certo prazer, estes breves instantes que pareço não existir.
o peso do mundo e as lutas da vida não tem local e guarida neste espaço.
não há desejos e decepções e nem alegrias.
livre de qualquer ideologia, moral ou qualquer outro regulador, sinto que por momentos minha alma pode se soltar e não ter vínculos com nada de tudo.
e em mim esta sensação é nítida.
a anestesia traz com ela um frescor do não eu, sem identificação que me parece palatável.
acho que isto que estou a narrar pode parecer a alguns estranho e a outros inapropriado ou forte, mas tive que aproveitar essa segunda chance para perceber melhor cada segundo vivido dentro do procedimento.
este momento de nada, de completa inexistência dos sentidos a nível consciente é à mim bálsamo para que possa libertar minha alma de tantas inquietações e junto ao meu espírito ela possa ser qualquer coisa que jamais saberei, e ainda por outro lado, ela se aproprie deste momento do nada meu, para se permitir a uma preguiça qualquer e descansar por minutos do seu compromisso, enquanto aqui estiver de ser eu.
fico feliz que tenha podido ter um refresco pela segunda vez.
jo santo
zilá