UM QUASE ENSAIO
Assim é que se aprende sobre grandes nomes: com poesia e métrica; musicalidade e ética. Nos ensinam a pensar por meio de grandes pensadores, só para citar alguns: Espinosa, Nietzsche e Platão. Até ciência coube aqui, o Princípio da Incerteza de Heisenberg, a Relatividade de Einstein, e das coisas concretas, com Décio Pignatari. Quem acha que é fácil que venha esperimentar. Em cada soneto lido, uma miscelânea de emoções, e há até quem ouse declamá-los. Assim fica até melhor!
E tudo isso, mesmo sem anotações, não esquecemos de onde partimos. Desde o mestre Boca do Inferno, com “sua parte e seu todo formando um todo faltando-lhe uma parte”. E muitas vezes indo e vindo em direção Ao Mesmo Assunto. Mordendo e assoprando, satirizando e exaltando. E de lá, seguimos, Arcadismo, na arte, música e poesia. Depois o Romantismo, esse só nos deixou Suspiros Poéticos e Saudades, começou assim e ainda melhorou com o Poeta dos Escravos.
E o Realismo? Só prosa. Simbolismo? Ah! Nesse nós tivemos “Acima de tudo, Música!” e dessa forma nos deixou um melancólico legado de muitas vozes veladas e veludosas vozes. Sem falar dos Vermes ou dos Morcegos nos quartos de cada um de nós, enfim, do Eu e das Outras Poesias.
Voltamos à região de Parnaso. A métrica, a forma e a rima. É engenharia pura!
Pré-Modernismo? Só prosa. Falação. Mas graças a Deus chegamos àquela semana de três dias, o momento da Libertinagem, do Manifesto, de uma época quente como Brasa, enfim, o memomento de prosear sobre o Brasil. Aqui a engenharia foi diluída. A forma e a fôrma formaram um hibridismo que satirizava a tradição, seja na (e através da) arte, música, moda, costumes e comportamentos. E por que não no prosear? No poetizar?
Aqui “O Homem Que Come” era aquele que absorvia tudo, digeria tudo e regorgita tudo de Novo. E o que não era nosso ficava para os Vermes. E o Eu? – Ah, agora ele é Libertino, não precisa mais “averiguar o cunho vernáculo de um vocábulo”. E muito menos “seguir o manual de apreço ao senhor diretor”, os Sentimentos não são mais seus, são Do Mundo. Agora temos o “homem atrás do bigode, sério, simples e forte”. Talvez o José, o operário que move a Máquina do Mundo, e tudo isso enquanto estávamos em Guerra.
Na prosa só se falava sobre as Vidas Secas, depois veio a bomba, a Rosa de Hiroshima, a ciência em ação, esqueceram a Poesia. E nisso O Operário da Construção, “aquele que só dizia sim aprendeu a dizer não”. Tomou conhecimento das coisas do mundo, talvez tenha aprendido a ler. E se já sabia, percebeu como funciona a Máquina do Mundo, a partir daí, quis aprender mais, mas sem mestre, se viu obrigado a aprender da Natureza, é claro que viu muitas “pedras no caminho”, mas agora já não estava mais sozinho.
Antes era Eu, o Eu que se Libertou, se Manifestou, teve um nome, um bigode, foi operário de uma grande Máquina, tão grande que movia o Mundo, viu a Guerra e, por fim, conheceu muitos Severinos, muitos “filhos de Maria”. Já, agora, depois de aprender tantas coisas e encontrar tantas pedras no caminho, tantos mestres, sérios, simples e fortes. O melhor mesmo foi a Pedra, educou-se pela Pedra. Mas, através da Poesia.