Educação, Inclusão e Sociedade

Gostaria de começar explicando o título. Este, foi emprestado por mim de um texto da colunista do UOL Educação, Vera Cabral, que publicou um texto com este título.

Com toda a certeza, não é a primeira vez que leem algo sobre o assunto. No entanto, penso ser importante abordar este, novamente.

Outros dois pontos que imagino me darem uma certa ‘autoridade’ no debate é em 1º lugar o fato de eu ser deficiente físico e em 2º lugar o fato de ser licenciado em Educação Especial pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que foi a pioneira no Brasil a ter um curso de graduação na área.

Quero ressaltar que, opiniões contrárias serão sempre respeitadas.

Ficou algo comum e até certo ponto, banal, falar em inclusão quando nós falamos em educação. Não há um único profissional da área, que não se refira ao tema.

Vale dizer que aquilo que sabem e repetem (quase de modo decorado) é praticamente unânime no país.

É óbvio que sou favorável à inclusão escolar, afinal, eu mesmo sou um exemplo dela ser possível e necessária. Apesar disso, e sei que aqui vou gerar polêmica, penso que nem todas as pessoas com deficiência têm condições para estarem em uma sala de aula comum.

Muitos podem estar me criticando por ter um pensamento “exclusivo” do ponto de vista da inclusão, claro que respeito todos, porém, para que um aluno especial possa ingressar em uma escola regulara é preciso antes um criterioso processo de avaliação. É necessário que todos os envolvidos na avaliação, tenham capacitação adequada e que não se deixem influenciar por expectativas dos pais ou responsáveis, por exemplo.

“Incluir” alunos aos montes, “entupindo” as salas de aula sem que exista a estrutura adequada para atender aos alunos, é uma burrice sem igual.

É bem verdade que tivemos importantes avanços e conquistas de direitos, mas, ainda há muito o que melhorar.

Aproveito para fazer uma provocação (no bom sentido) e perguntar qual a função de um número a cada dia maior de alunos incluídos nas escolas brasileiras e a quem isto interessa? A função é simples e evidente: melhorar os indicadores numéricos das esferas de governo (independentemente de partido político). O interesse está em, com um excedente cada vez maior de pessoas precariamente alfabetizadas, faz com que a classe dominante perpetue seu poder político-econômico.

Quero também manifestar-me contrário à ideia da entidade que representa as escolas particulares de negarem-se à realizar as matrículas desses alunos em seus locais de ensino, bem como de cobrar um valor mais alto na mensalidade destes alunos, alegando que é para cobrir os gastos gerados.

Tal atitude é discriminatória e preconceituosa. Discriminação e preconceitos são crimes.

A luta por uma inclusão escolar de qualidade é árdua e não tem fim, é constante.

Quero ressaltar mais uma vez, que não sou contra a inclusão acontecer, apenas acho que esta deve ocorrer de uma forma que seja melhor pensada e portanto, mais responsável.

Claro que esta discussão nunca chega ao seu final, pois, sempre há novos pontos de vista aparecendo e todos devem ser respeitados. Apenas achei que deveria manifestar a minha opinião sobre este assunto, que é sim, polêmico.

Em outro tento escrito por mim, intitulado “Crônica sobre quatro rodas”, também trato de assunto semelhante e o texto mencionado pode ser lido também no Recanto das Letras.

Estou aberto a discutir o tema com os eventuais leitores(as) que surgirem, bem como estou aberto à críticas e sugestões que surgirem