passos largos.
com meus passos largos
de tão miúdos
vou passando por aqui
sigo também por ali, cá e acolá
vou cruzando tantas encruzilhadas
paro em trevos, olho atrás de mim
nas longas estradas de tão retas
cheias de sinuosidades
vou andando apressadamente
de tão lento, de tão leso, de tão confuso
dúvidas cheias de certeza
de minha certeza que consigo concatenar
com base no nada que adquiri de fato
pois o que penso ter adquirido
é tão plástico, pela natureza tão fuída
que possui
em meus passos largos
miúdos de tão lentos
por expressarem meus desatinos
minhas incertezas
por expressar a incapacidade
de conseguirmos fazer a leitura do outro
e criarmos toda uma ideologia
de como o outro está para nós ou não
e em consequência termos posturas
baseados nesta construção
que se formos mais fundo parece
algo de natureza tão insana
ainda assim, de verdade verdadeira
nem entendermos direito
o que vem de nós, do nosso íntimo
que muda às vezes em fração de segundos
o que imaginamos projetar como nosso
sem saber ao certo
de que natureza somos constituídos
seja emocional, psíquica ou outra qualquer
com esses meus passos largos
de tão miúdos e fatigados que são
vou seguindo mesmo assim buscando
buscando um destino
destino este que tenho certeza existir
que é para mim
e cada um de nós possui o seu
mas que no meu caso
em passos largos
de tão miúdos preambulo
pois por não ter um mapa
que indique o caminho certo a seguir
sigo por todas as vias que vejo
à frente, por vezes recuando
este destino recuar
e a dúvida que agora me aponta
será que o objetivo talvez
nem seja o destino
mas sim o exercício a ser feito
nestes passos meus de tão largos
se tornam miúdos
que incansavelmente
com exaustão, sinto a necessidade
de marchar.
jo santo
zilá