em nossa solidão.
em nossa solidão há espaço para tantos pensamentos
conseguimos ter margens para amarmos tanto
não desistimos de pensar no outro, ainda que tão distante
com suas próprias coisas e afazeres
em nossa solidão, paramos ainda para tentarmos nos fazer
melhores pessoas
pedimos forças aos céus, ainda que não saiam mais preces
de nossas bocas
em nossa solidão, mesmo desfalecidos
lembramos das coisas boas
sonhamos com todos e desejamos o melhor
ainda que estejamos em nossos próprios labirintos
desejamos os melhores caminhos à todos
em nossa solidão estendemos os braços
à fim de tocar ao alto
à fim de sentirmos alguma mão a nos puxar
e ainda que em vão toquemos
as nossas mãos conseguimos quando necessário
estender ao outro que pede
em qualquer momento
mesmo que desfalecidos em nossas incertezas
vencemos as nossas dores
driblamos nossas mesquinharias
não ouvimos o egoísmo
que tenta ilusoriamente enternecer nosso ego
em nossa solidão
conseguimos olhar para o mundo
e acreditar num dia melhor
estando brevemente em outro estado de coisas
com tantas outras possibilidades mais felizes
nessa nossa solidão, vamos seguindo
e deixando as velhas coisas para trás
lambendo solitários as nossas próprias feridas
e indo para outro lugar
onde não mais será este
onde nosso olhar estará mais fortalecido
e onde muitas do que é almejado agora
talvez fique guardado num canto do coração
e da mente com carinho, mas não tenha
mais significado para nossa vida
e daí essa solidão também se fará
dispensável, pois teremos aprendido
a caminhar por terrenos duros, ásperos
e em momentos cruciais
contanto com nossas próprias forças
e as celestiais
que se fizeram presentes
nas ausências que por ventura
podemos em nossa solidão experimentar
e não haverá amargura
haverá apenas novos significados
que nos farão distantes
de tudo o que um dia foi
tão intensamente desejado
por simplesmente com o tempo
termos mudado
superando esta nossa solidão
já que estaremos num outro estado
de entendimento
com nossos próprios seres
já não mais solitários
e sim repletos de um novo viver.
paulo jo santo
zilá