Parasitário
Quando nos referimos as relações humanas, podemos destacar diversas formas de se lidar com essas trocas, aqui me detenho na chamada relação parasitária. O parasita, pensando na Biologia, como uma espécie que necessita de um hospedeiro para poder atuar. Utilizando esse exemplo, que a princípio pode parecer grosseiro, relacionamos alguns fatores mais sutis.
Inicialmente, quando nos referimos a uma relação, devemos pensar naquilo que é recíproco, sendo que ambos acabam de alguma maneira se beneficiando nesse processo. No campo da Filosofia, por exemplo, imaginando o surgimento na Grécia e a própria ideia de ser desenvolvida em uma relação de amizade, onde existe o confronto conceitual, possibilitando posteriormente uma transformação recíproca, a base de nossa ciência contemporânea, que se serve de uma hipótese que confrontada por experiências limitadas, chega a resultados que podem ser ou não condizentes com os esperados pelo agente.
Nem toda relação é esse toma lá dá cá, já que a desproporção também faz parte desse processo, em que um pode se beneficiar e o outro não. Utilizando o máximo do benefício unilateral que surge o chamado parasita. Esse surge da brecha que o hospedeiro fornece, ou por descuido ou por influência do próprio ser que parasita, já que busca se insinuar nesse outro que lhe é primordial. O ser parasitado pode ou não sentir inicialmente esse corpo estranho, no sentido de incômodo, mas que uma vez ali instalado, irá fazer com que sua condição seja prolongada o máximo que puder.
Vamos imaginar um sobrepeso, que antes não fazia parte de nós, mas que atingida essa condição, estamos diante de um processo penoso de se livrar dele. Eis o parasita em sua forma elementar, minando as forças de quem parasita, para que possa se nutrir disso. A inveja mesmo pode ser uma ponte de uma relação parasitária, já que favorece essa inclinação a perceber no outro sua fonte de sobrevivência.
Aqui chegamos no ponto crucial desse processo. Não é o ser parasitado que é dependente, mas o contrário, já que o parasita só existe a partir do outro que lhe serve de fonte. Sem o alimento, estará fadado a extinção. Como na Política, utilizará todos os meios para se manter no poder, ou seja, para continuar minando a resistência de quem lhe beneficia, ainda que cause a destruição. Aniquilar quem é parasitado pode causar também a morte do parasita e por isso ele se vê sempre diante da necessidxade de procurar um novo hospedeiro.
Faz-se importante detectar o parasita, tendo como passo seguinte o desligamento, que será penoso inicialmente, mas um alívio a posteriori, já que estará se livrando de um fardo e observará que era tão desnecessário e que por isso mesmo talvez tenha se mantido tanto tempo ali, sem que fosse importunado, porque não damos conta de sua presença sutil mas não menos danosa.
Por fim fica a afirmação de que esse texto não é de auto-ajuda, mas sim uma perspectiva de observar relações e tomar partido diante de um processo relacional, no sentido de tomar consciência, ver-se na condição de cão que todo dia coça mas que segue adiante ou tornar-se homem, como um lobisomem que transforma para não se aprisionar de vez na bestialidade.