individualismo.

observando e partindo daqui de casa para o geral, vejo como nosso individualismo é corrosivo.

vim de um tempo em que as pessoas se socializavam realmente.

havia um interesse mútuo em estarmos próximos e desejarmos em curtir uma boa vida.

lógica que não era perfeito e aconteciam desentendimentos, mas a história comum remetia à reaproximação, à falta do outro, do jeito que era.

isto que me encantava naquele tempo, éramos unidos da forma que éramos.

acho que quem foi criança e jovem nas décadas de 70 e 80, sabe exatamente como tínhamos uma vida comunitária.

esperávamos pelos outros, em casa, na rua (onde brincávamos muito), em casa, e em todos os espaços que ocupávamos.

o que é de admirar que mesmo os reminiscentes deste tempo, permitimos por pura omissão a replicação dessa chaga, onde se espalham por todos os lados abismos profundos, enormes desfiladeiros a nos isolar cada vez mais, como um processo, um efeito natural e social.

daqui de casa em pequenas coisas e em maiores e externamente vejo como este movimento destrói grupos religiosos, grupos voluntários, grupos profissionais, grupos escolares, relacionamentos de todos os níveis. separando cruelmente grupos humanos.

há quem sempre irá falar que choques de interesses e isolamentos sempre houve, em todos os tempos.

há quem diga que as diferenças sempre criou rachaduras e afastamentos.

há quem diga tanta coisa para justificar esta conjuntura.

só sei que vejo uma realidade tão adversa da minha infância e adolescência, assim como da minha juventude (que foi bem incomum), que jamais imaginei que viria se suceder, partindo daquela vida tão próxima um do outro.

vida com suas dificuldades, limitações e segredos, mas repleta do coletivo, onde as pessoas procuravam ao menos tentar urbanamente se conviver.

jo santo