CRESCER SEM VIOLÊNCIA EM SÍNTESE CRIATIVA
NOSSO OLHAR SOBRE O ENCONTRO DE FORMAÇÃO CRESCER SEM VIOLÊNCIA
O Canal Futura, por meio do Projeto Maleta Infância, realizou terça feira (28/07), no Hotel Mareiro, em Fortaleza, o Encontro de Formação do Projeto Crescer sem Violência, que reúne iniciativas do Futura no combate às violências sexuais contra crianças e adolescentes. A ação conta com a parceria local do Fórum DCA do Ceará e da Rede Aquarela. A Coordenadoria da Gestão do Trabalho e Educação em Saúde (Cogtes-SMS Fortaleza), por meio da Estratégia Cirandas da Vida participou e contribuiu com o encontro.
Entender o problema das violências sexuais contra crianças e adolescentes, a exploração sexual de crianças e adolescentes, e o caminho da denúncia foram tópicos importantes do processo formativo que reforçou a ideia força de que a “união faz a proteção”.
O dinamismos e metodologia do encontro gerou um bem-estar participante, que foi fator diferencial de participação e aprendizagem.
A síntese criativa, por mim construída, no início do processo vai ao encontro do momento inicial dos trabalhos do grupo facilitado por Ana Amélia e Roberto Sousa. Roberto apresentou uma boneca de pano que foi passando de mão em mão. Cada participante estabeleceu um monólogo com a boneca, falando para o grupo, mas tendo a boneca como parte da conversa. Cada participante deu um nome a boneca para iniciar sua apresentação pessoal:
O Roberto veio da Bahia
Ana Amélia de Natal
Articuladores de um saber
De um canal que a gente ver
Mas que também a gente ler
E que para além da forma
De uma tela de TV
Promove encontros de gentes
E entre outras vivências
Mobiliza para a defesa emergente
Dos direitos das crianças e adolescentes
Uma criança múltipla e única
Nos foi apresentada na forma de uma boneca de pano
E por todos os presentes foi batizada
Com nomes simbólicos diversos
Um quadro do universo criança
No imaginário de cada partícipe
Emergiu o simbólico e a concreta esperança
Que remete ao ser criança do NÓS
Gestada de cada EU
Na voz de cada pessoa que se apresentou
E expectativas compartilhou
EU CRIANÇA
NÓS CRIANÇAS
Infância e adolescência
Em sonho e ato
De crescer sem violência
Na sequência Ana Amélia falou sobre o Canal Futura, que em síntese assim capturei:
Ana Amélia falou sobre o Canal Futura
Produção cooperativa
Mobilização comunitária
Rede
Tela
Modelo de atuação
Uma rede de afeto
Uma liga de atitude
Conteúdo de amplitude
Que vai ao encontro
Das crianças, adolescentes e juventudes
Um modelo de produção em diálogo
Crescer sem violência
Uma proposta emergente
Para continuar a construir
Ações consequentes
Ainda na programação da manhã, fotos diversas foram distribuídas para que os participantes ao se remeterem as imagens pudessem expressar, em subgrupos, quais sensações, quais sentimentos e reflexões referidas imagens sugeriam. Na síntese que escrevi durante as falas no subgrupo capturei um pouco das reflexões de cada participante:
As imagens são sinais a nos lembrar
E a revelar realidades nua e crua:
Ações de gente adulta presente e coerente
Aonde os adultos falharam e abusaram
Tendências que revelam violência
Tendências que revelam consciência
Decadência
Inconsciência
Incoerência
Imprevidência
Descaso
Atitude
Responsabilidade
Compromisso
Amorosidade
Sensibilidade
Em todas as imagens a inocência de ser
A negação do direito de viver e ser criança
Os adultos em recorrência
De gestos e atitudes de explorar
Abusos de uma cultura
Erotismo em relevância
Torturas da sociedade que não educa
Para o direito de ser criança
Que adultos são esses?
Que abuso é esse?
Que exploração é essa?
Pais e mães em seu amor
Um desafio educador
Família e comunidade
Liberdade com responsabilidade
Parentes e aderentes
Riscos e cuidado potentes
É urgente e emergente
Um novo agir e pensar
Para que o amor nos ensine a superar
Toda exploração
Toda violência
Contra crianças e adolescentes
Todos estes sentimentos e reflexões do ponto de vista pedagógico encaminharam para o momento seguinte dos conceitos sobre cada tipo de violência que envolvem a problemática das crianças e adolescentes. Na síntese, o meu olhar, nascido dos olhares diversos do grupo.
Conceitos e práticas
Defeitos culturais e comportamentais
Enraizados na nossa história
Nos costumes de ontem
Mas também de agora
E o mercado que tudo vende
E que tudo transforma em mercadoria?
Tráfico de crianças
Droga de infância
Ser mula e ser mola de uma rede que vicia!
Quando o educador deseduca?
Quando o conselho tutelar não abre a porta?
Quando o conselheiro tutelar não cumpre a missão?
Quando o trabalho do conselheiro é só um trampolim para outra eleição?
Quando os pais não educam?
Quando as redes não avançam?
Quando as instituições não cuidam?
Quando a família descuida?
Quando a comunidade se omite?
Quando o sistema não dar conta?
Quando as acomodações instalam o faz de conta!
No final da programação da manhã, os subgrupos se juntaram novamente e produziram ideias para possíveis ações a comporem um plano de ação, a ser construído sistematicamente, com as contribuições da tarde, bem como, nos próximos encontros. O grupo que participei levantou, entre outras, as seguintes propostas.
Ideias força propositiva para um plano de ação:
Superar a ideia de campanha que pouco modifica as estatísticas;
Construir através destas redes e pessoas aqui reunidas, grupos de articulações nas redes sociais;
Desenvolver ações e mobilizações estratégicas articuladas em rede;
Arte e cultura em múltiplas linguagens aplicadas ao trabalho e ações de sensibilização;
Comunicação e saúde, por meio do Canal Saúde & Vida, nas Unidades de Saúde, pautando a temática da criança e adolescente;
Na consolidação das propostas, no final da tarde, na perspectiva do plano de ação apontaram-se várias propostas de formação, voltadas para vários públicos, inclusive para os Agentes Comunitários de Saúde (Acs’s) e Núcleos de Educação em Saúde e Mobilização Social (Nesms).
No encerramento, ao final do dia, os participantes manifestaram satisfação e entusiasmo com o resultado produzido coletivamente e a perspectiva de continuidade e desdobramentos do encontro.