amarras.
amarras.
me sinto livre das amarras, que tentam prender o tempo todo.
eu não sei se darei conta de andar fora deste trilho que fora traçado.
cambaleio, por entre esse fio da navalho que ando, mas vou.
cada dia tenho a certeza de que se fazer requer um desfazer.
requer quebrar com velhas coisas.
requer as lágrimas do rosto e o sorriso mais profundo.
requer o silêncio, o anonimato, requer estar só e requer também
estar com você.
e o outro, e outro ainda.
soltar das amarras pede atenção redobrada ao que vem do espírito,
ao que bate na alma,
ao que sopra na mente,
ao que envolve o coração.
se ver liberto do temerário, requer uma loucura qualquer.
requer saber amar. requer saber se ausentar.
ainda que sinta falta do que havia, soltar das amarras requer o risco
de caminhar.
as amarras que me pareciam dar segurança,
não as quero mais, portanto estou a me arriscar.
sem saber direito como fazer as coisas.
sem saber na verdade o que devo fazer.
mas isso não é problema, pois acredito que ninguém também saiba.
somos um todo a improvisar, nesta vida de amarras,
que tentam nos envolver, nos segurar.
paulo jo santo
zillah