me preencher.
meu movimento foi sempre de sair em busca de alguém ou alguéns.
na tentativa de dividir-me, de poder deixar um pedacinho de mim como recordação mais sincera e mais verdadeira.
e para que pudesse me preencher de tanta gente e de você.
por que o outro me parece tão intrigante, tão interessante de ter dentro de mim, no meu coração.
nessa caminhada encontrei tantas pessoas para ocuparem os espaços vagos em mim, que não são poucos.
mas não sei se meus espaços constituem de abrigo perfeito, pois por mais que ande, por mais que busque, o vácuo acaba tomando conta dos leitos que preparei em minha alma.
procuro estar em outros espaços, mas acho que meus passos largos ainda não são suficientes para alcançar as portas.
elas estão a se mover, como a linha do horizonte. como o pôr do sol que queremos alcançar, no seu último raio de luz, após ter nos preenchido com tanta luz no dia inteiro, parecendo tão intenso e permanente.
este preencher de calor, o preencher de sua presença, o preencher de tantas coisas que parecem ser intocáveis, permanentes, perenes. são na verdade fugazes.
são alimentados por nossa abstração e anseio de permanência, mas que na verdade, seguem em seu próprio ritmo e eixo.
mas não se pode ser injusto, algumas coisas permanecem, algumas pessoas se alojam em nossos espaços e se aconchegam, outras abrem suas áreas, para que varanda a dentro, se possa entrar e ficar dentro de seu interior. e procurei entrar. e em algumas fiquei.
não é em vão este se mover. esta busca pelo preenchimento.
mas há uma incompletude que alucina e que leva a nos sentirmos mais frágeis, como se possuíssemos enormes vãos livres.
e tenho medo do meu ruir, sem ter a chance ou o tempo para de fato de ter a você(s), a ajudar a me preencher.
paulo jo santo
zillah