O Mundo
O mundo é aquela perspectiva que se cria de uma realidade que não está apenas além da compreensão imediata, mas que abre possibilidades contidas, ainda que infinitas. Macro e micro mais uma vez espelhados, como nas antigas tábuas esmeraldinas. Pensamos no mundo e qualificamos o planeta. Sabemos que a existência é aquela compreensão a respeito de algo, precisando julgar e logo, conhecer. Ainda que o conhecimento seja meramente dedutivo. Muito do que ali habita, foge desse existencialismo, já que não entrando em contigo, faz com que permaneça velado, mesmo sabendo das influências que causam e não percebemos. Experiências científicas demonstram a cada dia uma nova gama de descobertas, surpreendendo estes que habitam a alguns milhões de anos e ainda se sentem surpreendidos pelo que acreditaram muitos em muitas épocas, já terem desvendado. Saber do mundo não é conhecê-lo.
Nós, seres desse mundo, aplicamos as deduções além dele, invadindo outros mundos, com pesquisas espaciais e conjecturas científicas. A projeção é essa maneira de deduzir a partir de. Assim existe a ideia de alteridade. O outro é aquele que sou eu além de mim. Ou melhor, eu sou esse outro que se diz eu através de mim. Saber sobre si é algo impossível, mas ainda sabemos alguma coisa. Pensar num próximo é saber que ali existe um outro indecifrável, com menos ainda de saber em relação aquela mesma alguma coisa. Coisificar é tornar longe do conhecimento. Por isso o conceito de coisa em si é estéril, já que sendo em si, não pode ser acessado, como já expôs Deleuze. Mas existe algo que dá acesso. Como se estivéssemos conectados na internet, navegando. Acessamos todos aqueles dados sem percebermos as funções que geram as transmissões desses dados, que vão desde a linguagem binária da computação até fibra ótica, satélites e diversas outras tecnologias necessárias para a integração. Um caos aparentemente, mas que tem uma ordem que pode ser revelada, fazendo uma analogia com a frase de Saramago.
Quando percebemos o mundo mudar, nós estamos mudando e não ele. Não que ele não mude. Mas a própria ideia de mundo não diz nada ao mesmo. Nós criamos a forma e depois procuramos perceber o que transborda dela, ou o que transforma. A realidade que nos esmaga, continuará seu processo, destroçando nossos conceitos e contradizendo elaboradas teorias. Esse além do homem se torna aquela alguma coisa de forma consideravelmente aumentada. Alguns chamam esse mistério que está sempre a sondar de deus, outros qualificam de nada, fazendo com que as escolhas criem duas espécies de teóricos: os teológicos e os niilistas, tendo como terceira via os agnósticos.
O homem é do mundo por se ver nele. Mas o mundo, projetado de algo, também não se basta. Não se bastar é ser por natureza bastardo, já que é possível dizer onde estou e não de onde sou. A criação de uma divindade é a tentativa de acolher estes órfãos. Todos ligados por essa falta. O grande elo se aproxima do niilismo. Por isso nos contemos nos limites do mundo, cercados por uma fronteira, determinados num território. Ampliar para outros mundos, é tentar expandir o domínio e consequentemente, reforçar essa busca, o resgate desse elo de nada com nada. As bactérias se sentem pequenas perto do homem, o homem pequeno perto do mundo, o mundo pequeno perto do universo. Questão de perspectiva. Só o homem se sente pequeno por ter criado essa ideia de pequenez e se apegar a ela, o mesmo se aplica a ideia de grandeza. Mas a bactéria está no home, no mundo, no universo. O homem não se sabe. O mundo... Gira... Movimento... Universo, Mundo, Homem, Bactéria. Único Verso Imundo Homenageia Baco na Terra.