Sob Asas Brancas
A natureza humana tem a exata concepção de complicar a vida, posto que (talvez), ela já seja um tanto complicada devido aos percalços dos restos da aridez que permanece cristalizado no baú de todas as memórias e interiores obscuros do (temido) inconsciente.
A vida segue e as águas arrastam cascalhos esquecidos e falidos daquilo que se viveu no breu das horas mortas.
O futuro nos espia cada segundo de nossa respiração, cambaleante, expurgada, na síntese das respostas que cada um espera ouvir a despeito de tudo que foi feito, falado, desenhado, rabiscado e costurado sob a pele de cada criatura nascida sob o sol - como tatuagem de sal & sangue.
Que venha o ano novo com suas asas brancas, tenras e perfumadas.
Que nós possamos ter mais consciência a respeito da vida, do ser e do estar neste planeta que (ainda) respira sem aparelhos.
Seria espetacular se pudéssemos viajar no tempo, mudar a história. A nossa história e temores, e saber-nos fazedores do bem, do amor e toda sorte de bem querências. Plantar flores benfazejas, colorindo o chumbo metálico da maldade que nos faria beldades em praça pública, como estátuas vivas a revelar uni (versos).
Talvez todas essas palavras confundam-se no caldeirão das barbáries, mesmo porque o ser humano anda a beira do abismo. Despojado de valores, armados de temores e destruição.
Que as brancas asas de 2015 iluminem o recôndito azul da escotilha perdida, lá bem no fundo do peito de cada um de nós. Transformando mares revoltos em lagos abraçados por relvas floridas, com as intenções líricas de todas as poesias que um dia algum poeta escreveu na pedra da ilusão.