nós pobres.
ontem de noite tive um encontro com meu passado e presente.
talvez ainda mais mexido pelo fato de ter participado de uma festa natalina para nossas crianças.
e tive conversas muito interessantes no transcorrer do dia inteiro, começando com minha mãe logo cedo na correria de procurar alguns documentos me sentindo atrasado, até de volta com ela fazendo massagem em minha perna onde dói muito, ainda... vou mancar bastante hoje.
mas o que me leva a escrever não é por essa introdução que na verdade nem sei se remete a alguma coisa, ou contextualiza algo, talvez algum sentimento que me move neste momento.
o fato é que como conversei e tive contatos com algumas poucas pessoas, mas muito valorosas, consegui um material emocional muito intenso.
e dentre elas tive contato com três em especial, que são bem pobres, como eu.
e por incrível que pareça apesar do esforço constante que a pobreza exige do indivíduo, há uma coisa bucólica nela.
ao escutar algumas histórias, ver alguns espaços e como cada um se articula e está tocando esta "vida humilde", com suas inteirezas no meio às suas adversidades, me vi nelas e elas em mim.
uma sensação de pertencimento, mas não nivelado por baixo ou por sofrimento. na verdade nivelado pelo brilho dos olhos dessas pessoas e como estão para a vida, mesmo com todos os contratempos que a pobreza impõe.
toda a letra da música que fala dessa gente humilde, sinto trazer o que meu olhar, minha percepção trouxe ontem (outra vez).
acho que esta espontaniedade e pureza de afirmação, de ordem quase cabocla dos sentimentos que brotaram em cada olhar, conversa e sentimento, me remeteu a cada passo que dei nessa vida, com todas as nuances que ela me envolveu ou mesmo trouxe.
me senti pertencente ao grupo de um olhar específico, com um brilho de fé e luta, ardente de sonhos, expectativas e bolas pra frente.
mas acho que o mais significativo para mim, é me identificar em algo, pois sou um ser que ainda não sabe direito o que é de fato. que história tenho e por estar aqui como tenho que abalar...
nós seres humanos de fato chegamos aqui para abalar, acredito nisso.
cada um procurando seu sentido, sua felicidade (já escrevi o que penso de felicidade nesse momento) e sua forma de reverenciar e agradecer ao universo e ao CRIADOR, seja no que acredite que for o CRIADOR.
este brilho de olhar do mais pobre é muito significativo, quando tem sua voz ouvida, por segundos que seja e reconhecida como pertencente e talvez complementar.
sou dessa banda. de um olhar pobre e turvo, mas acredito que cheio de fé, emoção e amor por estar aqui e tentar fazer deste espaço um local agradável pra se conviver, como disse uma moça pra mim ontem... "nós damos uma força um pro outro, e assim a vida segue mais fácil para todos", e acreditem, com esforço que deve ter, mora numa das áreas mais carentes dessa cidade (pra quem não sabe, eu moro em Santos, litoral de São Paulo).
Paulo Jo Santo
Coisas que a Zillah acredita
(Zillah foi o apelido que me dei, um dia conto esta história)