NADA MAIS QUE A VERDADE

Querido amigo, sente-se, por favor, gostaria de lhe dizer algumas verdades. Nada mais, nada menos, que verdades.

Sei que, ainda que fundamental em uma boa amizade, a maioria de seus amigos não possuem estômago para tal, e por isto mesmo tomarei a liberdade de ser franco contigo.

Li por esses dias o libertador “Quando Nietzsche Chorou”, e revalidei, com o endosso de Friedrich Nietzsche, Josef Breuer e Sigmund Freud, uma antiga crença interna, que tanto me consome de tempos e tempos, quanto me faz crescer (talvez a única forma genuína de amadurecimento).

Esta crença é baseada na defesa absoluta da Verdade. Isto mesmo, a Verdade, com letra maiúscula. Não é sobre aquela verdade inventada, que criamos para justificar nossos erros ou aliviar a dor do acaso, mas a Verdade imaculada, intocada e (na maior parte das vezes) dolorosa.

Este talvez seja o grande problema, a Verdade dói, fere, machuca. Por isto é tão difícil para que a maioria de seus outros amigos lhe batam a mão no ombro e indiquem este caminho. Pelo medo de perder a tônica da amizade, vendo como resposta o rosto confuso e inconformado que pergunta: “Por que está fazendo isto comigo? Por que está piorando as coisas? O que mais preciso agora é de um amigo! De conforto...”

Perceba a encruzilhada! É a sensação que o dever do amigo é com o conforto, com dizer o que o outro quer escutar (que se já sabe exatamente o que quer ouvir, então nada tem a aprender com isto). Um ledo engano.

O verdadeiro dever do bom amigo é com a Verdade (ou não é?). Doa o que doer, você tem o direito de ouvir a Verdade (que é muito difícil de se buscar por conta própria, eu sei). A convicção da falsa Verdade alivia, mas não engrandece, nem a alma, nem o coração.

Não alimentarei seu mundo com ilusões confortáveis, e te permitirei (com a sua permissão) reconhecer seus erros, e se tornar uma pessoa melhor. Por favor, não fique ressentido, pois talvez, hoje, isso lhe arranhe e magoe. Oferecerei meu ombro, mas não lhe tomarei o direito de encarar sua própria realidade, de fazer suas próprias escolhas, de traçar seu próprio caminho. Com o tempo, você compreenderá, e criaremos um belo e eterno laço de gratidão.

Amigo, peço-lhe em troca que faça o mesmo comigo, e mais ainda, peço que espalhe esta corrente: ouça Verdades, diga Verdades! Participe da vida daqueles que admira da forma mais digna e corajosa, e lhes permita que também participem da sua. Ajude-me a alimentar o mundo com Verdades, cada vez mais puras, e quem sabe um dia coloquemos nos livros de história a Era das mentiras.

Conte sempre comigo, por mais que isso lhe machuque.

Sinceramente,

Seu amigo

Josadarck
Enviado por Josadarck em 06/05/2014
Código do texto: T4796977
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