Ensaio sobre a onisciência e o livre arbítrio
A ideia da onisciência divina leva a conclusões perigosas. O princípio da onisciência anula o livre arbítrio. Se Ele vê presente e futuro de todos nós, estes já estão traçados e, neste caso, qual seria nossa responsabilidade?
Essa na verdade, é uma ideia aterradora e de certa forma revoltante... Nos reduz a meros marionetes, anula nosso esforço pessoal para sermos éticos, altruístas, amorosos e leais ainda que, como eu, não se tenha esperança de um gozo (gozo aqui no sentido da alma pessoal, olha a sacanagem que a conversa é séria...) eterno ou outro benefício divino.
Pior que tudo isso: Isenta de culpa TODA E QUALQUER atrocidade cometida por nossos semelhantes desde o início dos tempos, já que não teriam feito nada que não estivesse "escrito". Seriam na verdade AGENTES de uma vontade superior...eu hein...
Me conhecendo como me conheço, prefiro ignorar essa argumentação furadíssima sobre a onisciência de modo a não deixá-la criar raízes em minha mente, nunca se sabe o que pode emergir de lá...
Entendo que focar no mundo real é o que me cabe. Tratar de melhorá-lo, ou, no mínimo, deixar ocupantes melhores, em prol de gente que nem nasceu...
Porque para quem é eterno, mil anos pode ser um dia, mas para mim, é tempo demais! Se tudo que farei até o dia derradeiro já está escrito, posto que previsto pela consciência divina, pelo menos tentarei ser uma marionete do bem, agindo neste plano sem especular sobre os outros planos que supostamente me afetam e aos quais (outra coisa sem sentido) não tenho acesso algum.
Se, por um acaso, meu julgamento estiver errado, e eles frequentemente estão, Ele vai entender...