viver?

sou alguém que circula no meio das coisas.

o fio da navalha parece ser o caminho mais fácil, mais acertado para mim.

é onde me entendo melhor.

transito num mundo masculino, feminino, andrógeno. não parou, vou...

coleciono amigos, acabo por ter inimigos, alguns amores e dessabores também.

quero dizer muito, mas de minha boca não se consigo dizer nada. ou pelo menos nada direito.

e observo. como observo...

guardo fisionomias, mas nunca me lembro de seus nomes.

todos os nomes que rodeiam em minha mente, se misturam e acabam ficando uma coisa só.

penso em todos. esqueço tudo. imagino muito.

sigo!

os caminhos no final, dão todos para minha casa.

minha casa é o ponto de partida para tudo o que faço.

mas que casa? onde de fato moro?

será no saboó? será em santos? será que algum dos caminhos do mundo?

ou numa rua qualquer desta baixada?

será que resido com dona lázara?

ou é mais uma pessoa que acabo encontrando em minha vida? (das muitas que amo profundamente).

será que tenho o céu como telhado?

sou feito de questões? ou sou pura especulação?

sou feito de respostas talvez?

ou sou uma busca insessante de explicações?

no fundo pra que?

sei que olho, vejo e enxergo.

enxergo o que quero ou o que consigo ver?

o que vejo de fato?

e a preguiça que me mata, aos poucos.

os quilos a mais de carga extra.

tudo é tão eu.

e é tão descartável também.

mas me faço sólido, firme e coeso em minhas diversas confusões.

de tão confuso, me faço claro e óbvio.

este meu aspecto sem jeito, me faz transparente.

sinto que consigo me tornar diferente, involuntariamente.

tnho a impressão de que me faço ser lembrado, por esse jeito incomum.

por esta natureza que possuo.

ou será presunção minha, assim achar?

será pretensão minha? ainda que não premedite assim pensar.

estar aqui, lá e acolá..

conseguir ainda me fazer presente, quanto mais ausente me torno.

será que essa impressão que tenho é verdadeira.

ou não?

ou estou apenas devaneiando.

faço apenas uma mera tempestade cerebral, com tudo o que imagino ser real. com o que acredito perceber, captar...

de tudo o que penso.

de tudo que assimilo.

de tudo que acumulo.

acumulo coisas em minhas andanças.

nesses encontros e desencontros, que se sucedem através do tempo que passa. através da vida.

vida esta que de fato vivo, com o que consigo ter. com o que posso viver.

viver providencialmente, através do benfazejo desejo do CRIADOR, em me permitir estar aqui nesse lugar.

viver em intensidade que meramente conseguir depositar. com a força que meu corpo conseguir despender.

viver.

tudo sintetiza nisso: a procura de realmente viver as possibilidades.

viver esta vida como conseguir.

viver esta vida com o que possuir internamente.

viver esta vida com o que elaborar em mim.

viver esta vida procurando a melhor forma para isto.

viver esta vida como for possível e buscar no meio disto superar.

tentar vencer os próprios limnites, que parecem em algum momento pré-estabelecidos e quase intransponíveis.

viver, trazendo para vida tudo o que você tem. o que se têm de fato é o que importa, para motivar o movimento todo.

viver fazendo de você um fio condutor, que acaba compondo numa rede infindável de tramas, o mais lindo tecido.

esta é a vida. uma rede perfeita.

sendo assim, fazendo parte desta magnífica trama celestina, é que sinto minha vida.

vida esta, que embora tente me encontrar, não canso de viver.

Paulo Jo Santo

08/09/2013 - 20h00

São Caetano do Sul/SP - rodoviária.

zillah

Paulo Jo Santo
Enviado por Paulo Jo Santo em 09/09/2013
Reeditado em 10/09/2013
Código do texto: T4473845
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