Um lampejo de saudade
Ontem pela manhã a saudade veio me procurar. Trouxe uma musica de Evaldo Braga, outra de Bartô Galeno, de repente eu estava com Paulo Diniz na cabeça... “como vou deixar você, se eu te amo”.
As flores me trouxeram teu cheiro, cuja essência você trazia no perfume doce e seco que envolvia seu pescoço e que me fazia cheirar.
Embriagado por este cheiro, sorri sozinho tentando tatea-la com o meu pensamento que a brisa leve arrastou.
Ontem senti saudades, debrucei vontades, lacrimejei sonhos dos tempos que o tempo levou para bem longe de nós dois.
Hoje, não mais Paulo Diniz, não mais Bartô Galeno e nem Evaldo Braga, poderiam medir o tamanho da saudade que alguns segundos me proporcionaram.
Na sinfonia do tempo, o maestro é a saudade, que rege com sua batuta de lembranças, as notas de um lembrar solitário.
Tudo é igual, quando a saudade se faz presente, e ai tanto faz ouvir Choppin, Bach, Bethoven, pois tudo é apenas o momento da lembrança.
Não existe superioridade de sentir, quando a saudade bate e invade o nosso peito e trás as lembranças daquilo que um dia vivemos.
Tudo é o momento. O sofrer, o chorar, o sentir, o riso, a dor. A saudade é impalpável mas seu poder é tão grande que a gente só pode senti-la e guarda-la, com todo nosso egoismo, pois fora um viver só nosso.
Tudo faz lembrar um tempo ido. O carrinho de picolé, o ponto de ônibus, o vendedor ambulante, a faixa no chão, o sereno, a garoa, a tempestade, a calmaria da tarde de domingo, o perfume das flores emanados em épocas outonais ou primaveris.
O Amor identifica-se como pode e como deve.
O Importante, é sentir a saudade que hoje a saudade nos faz lembrar.
Enfim, valeu cada momento vivido que hoje guardo nesse lampejo de saudade, a gratidão por ter vivido um tempo tão bonito.